A internet é um oceano frequentado por diversos piratas em busca de tesouros, que pode ser um filme, um quadrinho, uma música ou até uma imagem. Neste panorama está o navio dos artistas do Pula Pirata, que ofereciam conteúdo ilustrado diferenciado para o público.
Criado em 2004, o grupo Pula Pirata tem como principal fundador o Edson Corrêa (Presto), que junto com os amigos começou a criar a identidade do grupo. “Inicialmente, o Pula Pirata era um grupo de amigos que brincavam com a câmera de vídeo, fazendo efeitos especiais e imagens em 3d. Neste início, fazia parte o Henrique Amud (Porco), o Thiago Monteiro (Gonzo), o Rafael Ihara (Maroja) e eu”, explicou Edson Corrêa.
“Por volta de 2008, já possuíamos um site e o grupo já tinha se expandido bastante com entrada do Wagner Silva (Salsicha), Leonardo Mancini (Mancha), Ricardo Manjaro (Manjaro), Fábio Monstro (Monstro), Jônia Caon (Jow), Samuel de Góis e Pedro Campos (Kbsa) realizando tirinhas e resenhas de HQs, além do Alex Jansen (Jansen) e do Roberto Russo (Pliskin) fazendo podcast musical e animando festas em Manaus”, contou Presto.
Para Manjaro, o interessante em participar do Pula Pirata foi legitimar um pouco o lado criativo dele. “Participando de um coletivo/site de quadrinhos e cultura pop, eu poderia estimular o meu lado criativo já que desenhava só para mim desde criança e sempre gostei de contar histórias, então fazer parte desse grupo me fez ter certeza do que eu gostava de fazer”, explicou.
Todos os participantes do grupo tinham carta branca para manifestar suas ideias da forma que bem entendesse: quadrinhos, resenhas, podcasts, vídeos, curtas, animações e até eventos. “Tínhamos o objetivo de ser criativos e criar conteúdo, sendo que a janela para o mundo era o site. Sempre fomos curiosos e experimentais, por isso chegamos a criar de tudo um pouco”, explicou Presto.
A única regra era que teria que ter um post por dia, de segunda a sexta; nisso tínhamos uma agenda onde cada pirata era responsável em média por dois posts por mês; fora isso, tínhamos nossos padrões de formatação para garantir que as tiras, vídeos ou podcasts saíssem dentro do padrão e com boa qualidade”, conta.
Aos poucos, ganharam espaço em grandes eventos. “Participamos de grandes convenções como FIQ, Rio Comicon, CCXP, além dos festivais de cinema do Amazonas”, contou. “Fora os eventos, foi muito prazeroso acompanhar a jornada de nossos cartunistas do grupo”, completou.
O Fim (?)
“O nosso tempo disponível foi ficando cada vez mais restrito, pois cada pirata teve que voltar suas atenções para sua vida pessoal, profissional e o Pula Pirata, que era nosso hobby, teve que ficar de lado”, contou. O site do grupo saiu do ar em abril de 2016.
Mesmo sem site, Presto explica que o espírito pirata não morreu e que cada um deles está lançando algo novo individualmente. “No final de 2016, o Manjaro e eu dirigimos o curta-metragem ‘O Necromante’; já em 2017 o Mancha lançou a animação ‘El Manchez’; o Samuel de Góis tem lançado seus gibis em diversas feiras de quadrinhos; eu também lancei em novembro o protótipo de ‘Bacon: Two Cops and a Burger Shop’, um jogo de computador no qual os personagens principais, são o Douglas e Adams de ‘Search and Destroy’ do Pula Pirata”, explicou. “Todos os demais piratas estão ainda na ativa. Só tem sido difícil de encontrar tempo em comum para trabalharmos em algum projeto juntos”, completou.
Presto atualmente mora em Orlando, Florida, onde faz mestrado em Game Design e veio ganhar experiência na nova carreira. “Hoje em dia estou trabalhando com criação de vídeo games. Montei um estúdio indie chamado ‘Missing Fish Games’. Estamos experimentando e criando jogos de celular para Android e iOS. O grupo está na ativa desde abril deste ano. Lançamos recentemente nosso terceiro jogo, ‘Catch A Fairy’, um jogo desafiador, bem-humorado e que tem referências visuais do Atari. Todos os jogos lançados até agora são gratuitos”, relatou.
Ricardo Manjaro recentemente se formou em Direção Cinematográfica na Academia Internacional de Cinema de São Paulo e seu último trabalho foi o curta “Morcego de Rua”, ficção que conta história de um morador de rua que acredita ser o Batman dos quadrinhos. “O curta foi lançado na Terceira Mostra do Cinema Amazonense, no início de dezembro no teatro Les Artistes no Centro de Manaus”, explicou. Para Ricardo, o Pula Pirata não foi extinto, está no máximo adormecido.“O grupo possui ainda muito conteúdo produzido guardado e grande parte do grupo se aprofundou ainda mais no que já fazia com o PPC”, contou.