Nos últimos anos, Manaus vem experimentando um aumento na diversidade de seu circuito cultural. Mostras artísticas com a proposta de largar as velhas estéticas e se apropriar de elementos da cultura pop em busca de uma nova identidade vem se tornando frequentes, impulsionadas também pela sempre crescente influência das mídias sociais. 

Se você já participou de eventos assim, provavelmente conheceu o trabalho de um grupo de jovens artistas visuais que timidamente se fizeram presentes em um grande número de iniciativas locais e não tardaram a atingir o circuito internacional. Trata-se dos Xmao, coletivo que representou a região Norte na Comic Con Experience em 2016.

Membros do Xmao na CCXP de 2016

Rafael Rodrigues, um dos fundadores do grupo cujo trabalho com zines gozou de exposição própria em São Paulo, afirma que ver Manaus com o circuito cultural que temos hoje era um dos principais propósitos do grupo desde 2009, quando a cidade ainda não passava pela efervescência cultural de agora. “O coletivo surgiu com oficinas de desenho e exposição, nas quais conhecemos muitos outros apaixonados por quadrinho e mangá que não se sentiam representados, e naqueles espaços podiam interagir, mostrar seus desenhos e, se possível, regionalizar essa cultura do quadrinho/mangá/literatura”.

“Em grupo, participamos da exposição A Voz do Fogo, que homenageou o trabalho do escritor Alan Moore. A expo foi em 2014 e teve um retorno incrível”, afirma Luiz Andrade, membro que recentemente venceu o desafio MAG no mês de julho e um dos que teve a oportunidade de ver seu trabalho alcançar projeção internacional. “Além dessa, participei de alguns salões de humor como o Salão Internacional de Humor de Lima/Peru de 2015, o Salão de Humor da Unimep de 2016 e a Exibição de Cartuns MIKS da Croácia de 2016”.

Arte de Luiz Andrade para a exposição A Voz do Fogo

Quando o assunto é a articulação do circuito artístico local, o pessoal da Xmao é presença constante nas exposições coletivas organizadas pela Strategos, produtora cultural dirigida por Sarah Farias e Evaldo Vasconcelos. De acordo com Luiz, o coletivo também é bem inclusivo no que diz respeito à produção literária: “Nossas publicações independentes sempre contam com colaborações. O livro de tirinhas do Meriadoc [um fungo pessimista que conta com uma página no Facebook], por exemplo, tem uma galeria de artes feitas por artistas locais como Eunuquis Aguiar e Gedeon Nunes, além do ilustrador mineiro La Cruz. Talvez a colaboração mais significativa tenha sido ilustrar o livro Quando a Selva Sussurra, da Lendari. Foi um trabalho em que todos participaram criando o layout das ilustrações, finalizadas pelo Rafael”.

Rafael Rodrigues e suas ilustrações no lançamento de Quando a Selva Sussurra

Segundo Rafael, não é pouco o material que o Xmao pretende lançar até o ano que vem. “A publicação de materiais como o quadrinho do Luiz Andrade, TROVÃO, o mangá autoral CAT SPIRIT, que inclusive já pode ser encontrado em formato digital nas redes sociais. Na literatura, publicaremos pelo menos mais uma compilação de contos assinados por mim, que seria meu primeiro compilado de contos solo. A exposição fotográfica ITIRUB, e de artes plásticas ‘CONTOS DE UMA AMAZÔNIA FANTÁSTICA’, também estão em nossa agenda”.

Ilustração de Rayanne Cardoso baseada no curta In a Heartbeat

O coletivo conta hoje com o trabalho gráfico e escrito de Rafael Rodrigues, Rayanne Cardoso, Jô Santos, Daniele Mendes, Erick Rick e Luiz Andrade, cujas formações variam entre Artes Visuais, Fotografia e Letras Língua e Literatura Portuguesa.

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