Assim como o lar natal de Luke Skywalker, nós temos uma Tatooine no Universo – e agora os cientistas descobriram que um sistema como esse tem grandes chances de ser habitável. O sistema Kepler 35, lar dos sóis Kepler- 35A e B, descobertos pelo telescópio Kepler da NASA, recebeu uma modelagem computadorizada e tal modelo mostrou algumas características interessantes que o planeta que orbita dois sóis pode apresentar.

A modelagem foi feita por Max Popp, pesquisador da Universidade de Princeton, Nova Jersey, e por Siegfried Eggl, pesquisador de pós-doutorado no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.

Há algum tempo já sabemos que sistemas com duas ou mais estrelas são capazes de ter planetas ao seu redor. Entretanto, esses planetas são gigantes de gás como Júpiter, segundo as expectativas dos cientistas. Porém, sempre houveram perguntas sobre a possibilidade de um sistema de duplas ou mais estrelas também poder ter um planeta semelhante a Terra e sobre a influência de mais de um sol na geração de vida nesses lugares.

Ilustração mostrando o sistema  Kepler-35 (Créditos:  Lynnette Cook)

Um planeta pode se mostrar bastante hospitaleiro para a vida caso se localize a certa distância de uma estrela, que chamamos de zona habitável. É o meio termo; nem tão quente e nem tão fria. A modelagem feita pelos pesquisadores mostrou que em um determinado intervalo de distância entre as duas estrelas, um planeta com água e ciclo de água pode apresentar uma temperatura amena por bastante tempo – talvez tempo suficiente para algum tipo de vida surgir e evoluir.

“Isso significa que os sistemas de duplas estrelas do tipo estudado [por nós] são excelentes candidatos para hospedar planetas habitáveis, apesar das grandes variações na quantidade de calor que estes planetas recebem”, explica Popp.

Na modelagem utilizando o sistema Kepler-35, conhecido também como sistema Tatooine, os pesquisadores consideraram um planeta do tamanho da Terra coberto por água. Eles examinaram o clima deste planeta e o comportamento do mesmo durante períodos orbitais (ou uma volta ao redor das estrelas) com 341 a 380 dias.

Como resultado, Popp e Eggl destacam que o modelo utilizado aponta para variações na temperatura do planeta com água. As temperaturas médias globais desceriam até 2 graus Celsius por ano. Quanto mais perto o planeta passa das estrelas, mais as temperaturas médias permanecem constantes por conta da grande quantidade de vapor de água na atmosfera atuando como um mediador das condições ambientais da superfície. Isso significa que o planeta ficaria quentinho o suficiente e aconchegante para a vida.

“Nossa pesquisa é motivada pelo fato de que a busca por planetas potencialmente habitáveis exige muito esforço, por isso é bom saber antecipar onde devemos procurar. Mostramos que vale a pena procurar em sistemas de duplas estrelas”, comenta Eggl.

Outro detalhe interessante apontado na pesquisa é que, comparado com a Terra, o planeta do sistema Tatooine teria menos cobertura de nuvens. Isso significaria um céu claro o suficiente para ver dois pôres-do-sol nesse mundo maravilhoso.

Claro que foi apenas um modelo feito com observações bastante escassas que temos até então do sistema Tatooine. O grande telescópio James Webb, da NASA, será uma ferramenta que nos ajudará a entender melhor esses mundos muito distantes e muito interessantes.