Bem-vindos a mais uma edição do Irmãos no Cinema, nova seção sobre cinema do Mapingua Nerd. Na semana passada falei um pouco dos Irmãos Lumière e o legado que deixaram para o cinema. Dessa vez vamos dar um pouco de atenção para as Irmãs Wachowski.
As críticas se tornam muito divididas com as obras das irmãs Wachoswski. Começaram a carreira de diretoras com o filme Bound, lançado em 1996. Já no segundo filme das diretoras, lançado em 1999, entrariam para o legado do cinema com um clássico moderno que marcou geração. Estamos falando, é claro, de Matrix.
Códigos verdes sendo exibidos em um tela negra lembram de cara Matrix (os diferentões lembram de Ghost in the Shell). O filme possui uma assinatura que marcou época. Eu tinha apenas 5 anos quando o filme estreou e lembro da loucura que foi um tempo depois quando o filme chegou nas locadoras. Depois disso, as brincadeiras de luta na infância se resumiriam ao clássico “fazer Matrix“, que seria imitar o Neo em uma das cenas mais clássicas do filme. E isso sem mencionar o bullet time que explodiu cabeças quando o filme era assistido pela primeira vez. Até hoje sinto um arrepio de ver as cenas de ação do filme, e as lutas surreais daquele jeito me levam de volta para a infância. Logo, não é segredo que o filme me traz nostalgia pura e sempre ao assistir chego a conclusão de que sim, o filme é muito bom.
O filme consegue ter singelas referências a Alice no País das Maravilhas e possui até questões filosóficas como o Mito da Caverna de Platão. A ficção científica seria um pouco incompleta sem Matrix nos cinemas. Apesar dos outros filmes serem um tanto quanto difíceis em certos aspectos, o amor pelo primeiro continua intacto.
De cara, o filme mostrou do que as irmãs seriam capaz de fazer. Logo depois, também se firmaram como roteiristas e produtoras do aclamado Animatrix.
O próximo filme não é dirigido pelas irmãs, mas elas fizeram o roteiro e foram produtoras, sem falar que tenho um carinho enorme no coração pelo mesmo. Estamos falando de V de Vingança.
É difícil fazer uma adaptação que sai de uma mente tão brilhante quanto a de Alan Moore. O próprio odeia as adaptações de suas obras, chegando até a pedir que seu nome não seja citado nos créditos. Eu gosto de ver o filme como a história contata pela graphic novel por uma outra visão, e que acaba completando a história original. Os nerds mais hardcore podem discordar e acabam preferindo a graphic novel por tudo o que mostra. Tem muita coisa que eu realmente prefiro de lá, sem falar o tanto de coisa que acontece e não aconteceu na adaptação cinematográfica, porém a cena da Carta de Valerie consegue me emocionar sempre que assisto.
E não podemos esquecer da atuação fantástica de Hugo Weaving, com máscara, se firmando como um ator fetiche das Wachowski, chegando a participar também da trilogia Matrix e depois de Cloud Atlas. O filme também conta com a linda Natalie Portman e o fabuloso John Hurt.
As diretoras ainda voltaram em Speed Racer, Cloud Atlas e O Destino de Júpiter, que possuem críticas mistas e ás vezes são citados como não muito bem recebidos pelo público. Depois do fracasso do último filme, muitos desacreditavam nas diretoras. Alguns chegaram a afirmar que seria uma complicação gigante para que conseguissem realizar outro projeto. Até que criaram uma nova série original Netflix, conseguindo assim sua redenção com uma das séries que se tornou amada pelo público.
Você sabe de qual série estamos falando.
Sense8 foi uma surpresa muito grande para mim. Eu gosto muito do trabalho das Wachowski e só esperava o melhor dessa série. Acontece que encontrei uma série com um dos melhores roteiros originais que já acompanhei. Acredito que não via tamanha originalidade em uma série pelos últimos 10 anos. Oito personagens que estão ligados por uma conexão mental. Oito protagonistas que conseguem ter espaço para seu desenvolvimento, cada personagem possuindo características únicas e que conseguem dividir com outras pessoas do grupo.
Foi lançado também um documentário de meia hora mostrando os bastidores da série, e nele consegui ver o quanto a série é menosprezada pelos próprios fãs que não conseguem perceber a beleza e o árduo trabalho das irmãs. Como cada personagem se localiza em uma cidade diferente ao redor do mundo, as cenas da série que eram nesses países realmente foram gravadas nos países em questão. Chega até ser um pouco engraçado assistir a série e imaginar como a troca de personagens era feitas. Assistindo ao Sense8: Creating the World conseguimos ver que os efeitos eram feitos de câmera, ou seja, os atores realmente trocavam de lugares de forma rápida para que outro entrasse em cena e assim a gravação continuava.
A série foi renovada para sua segunda temporada, que foi anunciada no dia 08/08 de 2014. Ainda sem data de estreia, esperamos que a série mantenha o ritmo e só traga mais belezas das mentes criativas de Lana e Lilly Wachowski.