É verdade que o cinema amazonense ainda não alcançou grandes públicos, mas também é inegável a ascensão quantitativa e qualitativa do audiovisual no estado. Nos últimos anos, o surgimento de produtoras, sites especializados e festivais cinematográficos, ainda que pequenos, têm sido notícia frequente. Formada, em grande parte, por estudantes, a Lens Filmes tem chamado atenção com um modelo diferenciado de organização e acaba de lançar o trailer de seu novo longa-metragem, Máscara Vermelha.
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Para o diretor e CEO da Lens Filmes, Lucas Simões, o meio audiovisual ainda sofre com muitos estigmas por parte do público: “Se as pessoas não esperam filmes bons no cinema amazonense, nós temos o dever de fazê-los, e surpreender”. Simões se interessou pela direção cinematográfica após ganhar, aos dezesseis anos, um festival de cinema promovido pela Amacine. Após isso, ficou conhecido em Manaus por dirigir o média-metragem “O Gato” (2016), considerado o primeiro filme amazonense de época.
A próprio nome do cargo de Lucas já demonstra uma particularidade de sua produtora: seu modelo mais competitivo, inovativo e comercial; um modelo parecido com o de uma empresa startup. “[Esse modelo] surgiu do nosso interesse em levar o cinema para o público de forma mais inteligente, pensando em questões de qualidade e logística”, e completa: “Na LENS, primeiro visualizamos o cenário atual, e depois reformulamos e criamos algo completamente novo”.
“Máscara Vermelha” é o segundo longa-metragem produzido pela LENS e é dirigido por Lucas. O filme conta a história de Ivan, um homem que é deportado e, em seguida, resolve virar um justiceiro. Para Lucas, a deportação é um fato determinante para o desenvolvimento do personagem, mas questões de imigração não são o foco do filme. “Gostaria de poder explicar melhor todas essas nuances do personagem de Ivan, que é um dos maiores personagem que já pude criar”, diz Lucas.
Segundo a Agência Nacional do Cinema (Ancine), um curta-metragem é todo produto audiovisual com até 15 minutos de duração; um média-metragem fica entre 15 e 70 minutos e, por fim, um longa-metragem deve possuir mais de 70 minutos. Naturalmente, produtoras cinematográficas tendem a começar realizando curtas-metragens e, com o passar do tempo, começar a trabalhar a ideia de um média ou longa-metragem, que demandam maiores esforços e orçamentos, em geral.
Para a LENS, a liberdade criativa do diretor está sempre em primeiro lugar, segundo Simões: “Nós nunca definimos a exata duração das nossas histórias, sempre estimamos uma determinada minutagem, que às vezes é alcançada ou não”, afirma. Assim, “Máscara Vermelha” já é o segundo longa-metragem do grupo, que entrará no seu segundo ano de atividades, tendo o primeiro sido “A Caixa” (2017).
Apesar de estar estudando em Portugal, Lucas Simões afirma ter participado do processo de produção de perto, mas a pós-produção já foi feita fora do Brasil. O filme segue sem data e locais de estreia porque ainda não está completamente pronto. “Depois de alguns grandes lançamentos na LENS, percebemos que o melhor a se fazer é não apressar o desenvolvimento criativo, principalmente numa pós-produção”, ressalta.
Para 2018, a LENS já tem três filmes previstos: “Máscara Vermelha”, de Simões, “Refúgio”, de Raimundo Crispim, e “Depois da Festa”, de Emerson Araújo. Por fim, Lucas aponta David Lynch, Christopher Nolan, Stanley Kubrick e o movimento surrealista como suas grandes referências artísticas. Quanto às sociais e filosóficas, afirma: “É uma lista realmente grande, acho que se eu a fizesse já ninguém veria o filme (risos)”.