As Crônicas de Acheron é uma série de fantasia publicada toda quarta-feira no Mapingua Nerd.
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Ranemann acordou do pesado sono na clareira úmida desconhecida cercada de sequoias, e ainda assim seu corpo parecia não ter descansado. A posição incômoda de seus braços anunciou-lhe que algo estava errado. Torcendo o pescoço para encontrar Jotuh, gritou Ranemann:

– Verme desgraçado! O que é isso? Como ousas!

Em pé, o homem esquálido a observava se debatendo no chão, amarrada. O olhar traiçoeiro a fez compreender suas intenções naquele instante.

– Que Orath te lance praga de sangue ruim, filho do Caos em movimento! Bem que Vatrehuh me alertou sobre ti!

– Tuas maldições não chegarão até mim, feiticeira. Enganaste meu tio com teus ardis, mas sou mais esperto que tu. Agora que ele pereceu, tomarei o lugar que me é de direito. – Disse, gargalhando.

– Maldito traidor! Então foste tu na estrada do Norte! – O ódio instantâneo subiu-lhe o sangue e ela dobrou a força tentando se desvencilhar dos nós. –  Que tipo de feitiçaria usaste para enlouquecer os animais abençoados?! – A voz de Ranemann era como de uma fera selvagem enquanto se debatia velozmente.

– O que te importa com isso agora, rameira de Thelim!? Estás aí no chão, como uma caça capturada, prestes a ser abatida. E pela primeira vez em tempos me divirto tanto desde que a loucura de Vatrehuh assolou nosso povo! Certamente  foi praga de Bel por ter usurpado o lugar de meu pai. Ah, mas agora finalmente a roda da vingança se virou ao meu favor. – Então abaixou-se apertando-lhe o queixo e falou com os dentes semicerrados – Pensas que sou como meus irmãos fracos, que caem em truques sentimentais? Pois deixa eu te dizer, cadela do Povo das Tendas… hoje morrerás! E sim… eu sei como enfeitiçaste Vatrehuh! Afinal, as rameiras dos oraculares são excelentes nas diversões de alcova! Tua irmã, aquela vagabunda ambiciosa, jamais me deixaria mentir do que sei a esse respeito! Mas ela é mais tola que tu, pois acreditou que realmente poderia tirar alguma vantagem de mim! Ah! Se ela soubesse o que a esperava!

A maldade sanguinária revelada no olhar louco de Jotuh fez Ranemann, naquele momento, temer por sua vida mais que quando fora atacada pelo Crafaein. Mais ainda se debateu para tentar se libertar.

– Jotuh! Não escaparás de mim! E se me assassinares, tua paga por isso será bem recebida pelas mãos do próprio Fyr! – O desespero em sua voz se misturava à saliva que era vomitada junto às suas palavras de fúria.

Ele continuava a se divertir, segurando-lhe firme o rosto e empurrando os dedos contra seus olhos. Aproximando-se do ouvido de Ranemann e tapando-lhe a boca disse com voz malévola – E agora? O que fará? Pensas em lançar algum feitiço? Pois espera…

Pegou então o último pedaço do cipó sujo de lama que servira como corda e a amordaçou. Ranemann gemia  enquanto sua boca era amarrada brutalmente. Cada nó apertado pelo sádico traidor era seguido de gargalhadas tenebrosas que horrorizavam as pequenas criaturas expectantes que haviam se aproximado curiosas com os berros.

– Pronto! Agora, antes de terminar com isso, descobrirei se realmente Vatrehuh foi enfeitiçado pelo que tens entre as pernas!

Então agarrou Ranemann, virando-a de joelhos e segurando-a pelos cabelos com uma mão. Puxou-lhe a calça de couro sob a malha com força várias vezes, tentando rasgá-la. Sem poder mover livremente braços e pernas, ainda assim Ranemann tentava se desvencilhar de Jotuh, que maldosamente empurrou seu rosto contra o chão úmido, gritando palavras chulas e ameaçadoras. –Senhor de Bel! Isso não pode estar acontecendo! Ajuda-me! – Era o pensamento de Ranemann. Mas tudo o que conseguia sair de sua garganta eram gemidos agudos enquanto tremia de ódio.

Jotuh, com uma lâmina, rasgou-lhe finalmente a calça e a desceu até a altura de seu sexo. E colocando para fora seu membro, tentou penetrá-la por trás, mas Ranemann se debatia vigorosamente e se contraía, o impedindo. Lutaram por um tempo, até o perverso a ameaçar com a lâmina ao pescoço. – Mata-me, mas não profanarás meu corpo! – Pensou, odiosa, espumando saliva enquanto gritava e se debatia ainda mais. Sem sucesso. O sádico irritado, cortou-lhe a carne nas costas. Ranemann então soltou um derradeiro grito e a dor penetrante a fez aquietar-se. Assim, o triunfante abusador a puxou já sem forças pelo quadril para satisfazer sua pervertida luxúria diante dos coelhos, pássaros e gamos que presenciavam horrorizados a sua maldade contra Ranemann dos Vilca.

Continua…