As Crônicas de Acheron é uma série de fantasia publicada toda quarta-feira no Mapingua Nerd.
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Então, em minhas visões vi se aproximar do Dragão e do Sol dezoito luminares brancos que ofuscavam meus olhos. No Malgaroth estava sentada observando estarrecida a guerra entre Sol e o Vento quando pequenos luzeiros surgiram sobre as fundações de Bel e se aproximaram do Dragão e do Sol. O Dragão e suas (hostes) Tormentas furiosamente observavam os luzeiros ao largo do horizonte assim como o Sol que emudeceu seu ódio.

Vindo ao encontro deles, os filhos de Orath e suas reluzentes armaduras de prata cavalgavam sobre os seus cavalos criados a partir de pedaços das fundações de Bel. E atacavam o Dragão azul perfurando sua carne com suas lâminas indestrutíveis de rocha talhada removida por ação de seu pai dos rochedos do Makalabeth. Os grandiosos Míticos Alados sobrevoavam as fundações de Bel em formações de divino combate, cerceando em pares o Dragão e suas Tormentas, aplicando-lhe profundos golpes em seu lado, cauda, asas e pescoço fazendo assim jorrar seu sangue (agora negro) sobre a terra, contaminando-a com inveja, ambição e fúria.

dragon_warrior_by_thiennh2-d3e0i9qArte de thiennh2

Pude eu ouvir atônita –sentada nas terras do Malgaroth – os gritos horrendos do Dragão azul em agonia … e pude eu ver as Tormentas fugirem para o oriente, ocidente, o norte e o sul. O Sol, temeroso… seu ódio emudeceu. Das fundações de Bel surgiram estrondos de vozes graves indescritíveis que iluminavam os céus… e então veio a escuridão. O Dragão ferido – já sem sua cauda – foi tomado pelo Medo e derribado no extremo oriente da terra conhecida. A terra tremeu terrivelmente com a queda do Dragão azul, e abriu-se numerosos abismos separando a terra por toda Acheron (de onde emergia odores fétidos e fogo). Tamanho terremoto acometeu Acheron que em minha angústia ao observar isso clamei por minha vida em alta voz.

Entretanto, mais uma vez a voz inominável ecoou por toda a planície recitando palavras na velha língua:

Atenta, pequena mulher… que o Dragão foi lançado na Terra dos Carvalhos. Onde outrora existiam macieiras e animais sagrados agora jaz dor, ambição, fúria e inveja. Animal devorará animal, a erva secará e as macieiras já não darão mais frutos. Espinhos e ervas serão danosos aos habitantes do lugar. A herança do Dragão se espalhará pela terra e no teu tempo estarás tu para testemunhar a sua destruição no que outrora era morada abençoada de teus pais. Escreve tais palavras no Livro dos Dias para que se saiba que os Atemporais são oniscientes e predizem o fim desde o início.

Após tais palavras, Ranemann – despertou da visão e se viu deitada em soluços sobre o antes majestoso carvalho que agora ressequido fazia parte da vegetação amaldiçoada da Floresta Escura. De olhos semiabertos, podia ver partículas de neve que desciam lentamente dos céus sobre o lugar. Entretanto, não sabia a acheroniana em qual momento do dia acordara, pois, o Sol não penetrava a Floresta Escura devido a densa vegetação daninha que recobria as copas das árvores. Enfim, a jovem mulher pegou em sua bolsa tinteiro, pena e um pequeno rolo de papiro…e fez anotações sobre o seu sonho.

Continua…