Saudações, viajante. Assim como nem todo aqueles que vagueiam estão perdidos o rpg não se resume a fantasia medieval. Contudo, quando o cenário é de fantasia não há como negar as influências, diretas ou não, de Tolkien. Por isso, um hafling hobbit day não poderia ficar de fora desta coluna. Eu poderia falar algo mais abrangentes como a própria questão de hobbits terem que ser chamados com outro nome por questões legais, mas eu prefiro fazer uma publicação piegas, lamento.
Começo o texto de hoje com os olhos mareados – malditas cebolas ninjas de 20º nível, mal posso ver seus movimentos – ao me lembrar de como me tornei um Dungeon Master. Eu era um nerd adolescente que cresceu consumindo obras de fantasia e, finalmente, tinha conseguido jogar uma partida de RPG e almejava por mais daquilo. Minha primeira vez foi uma One Shot de Reinos de Ferro no Anime Jungle Party e usei uma ficha de Ladina – foi uma sessão memorável. Logo após o evento eu tentei achar um grupo para jogar, mas sem muito sucesso me vi obrigado a montar um próprio – consequentemente, eu viria a me tornar um Mestre.
O grupo consistia na minha melhor amiga, seu irmão mais novo e primos. Quando eu comecei a explicar como criarem os personagens não teve como impedir uma Elfa Maga chamada Galadriel e um Elfo Arqueiro chamado Legolas. Além disso havia um Ogro Guerreiro e um Vampiro Ladino (e sua sombra) com a aparência de ídolo teen. Jogamos todo santo feriado durante um ano e, apesar de sermos todos novatos que mal sabiam usar as regras da terceira edição de D&D, nos divertimos muito.
Até hoje, quando preciso ensinar alguém a jogar, é mais simples se a pessoa tiver algum contato com obras de fantasia – e Tolkien quase sempre está incluso. Claro que as referências estão por toda a parte em diversas obras, mas é inegável a importância do legado deste autor no meio nerd. Ora, eu particularmente prefiro os orcs de Draenor aos de Mordor, porém a existência dos segundos possibilitou a criação dos primeiros. A obra de Tolkien nos serve tanto como algo para ser seguido como para nos distanciarmos na hora de retratar fantasia.
Por fim, há poucas coisas que eu goste tanto quanto dois cafés da manhã e rpg, com certeza, é uma delas. Eu digo isto não apenas por toda a qualidade do hobbie, mas também por ter sido através dele que eu me aproximei de pessoas importantes para mim e fui capaz de expressar com sinceridade muitas coisas a respeito de mim mesmo.
Assim, eu encero, em lágrimas, esta coluna, dedicando-a às elfas por quem me apaixonei, aos bravos amigos e amigas que se permitiram (ou ainda irão) aventurar-se comigo em mundos onde o destino é decidido através de dados, aos mestres Gary e Dave (por darem início a tudo), mestres Neme e Mr.Pop (por criarem o que até então é meu sistema favorito), a Tolkien (que merece mais do que estes agradecimentos) e ao amor da minha vida (a quem eu desejo todos os acertos críticos). Que eu não deixe, jamais, de imaginar dragões. Adeus (e obrigado pelos peixes).