A postagem de hoje se trata da recomendação de um jogo indie, algo que eventualmente trarei para o Pixelua. O primeiro título que trago é o Steamworld Heist, um jogo lançado pela desenvolvedora sueca Image & Form. Ele aparenta ser simples, mas as horas de experiência nessa aventura me despertou um desejo que nunca tive antes por jogos de estratégia em turnos.

Estratégia em turnos é um gênero que tive um contato forte durante o Playstation 1, especificamente o Final Fantasy Tactics, que curiosamente foi o primeiro que zerei da franquia. O jogo por si só é brilhante por seu sistema de batalha, sua variedade de classes, a interface e a estética. O enredo e o mundo são bem particulares, diferenciando-se bastante do que tínhamos da série até então. A experiência com o Final Fantasy Tactics foi tão intensa que toda essa linguagem de gênero me saturou apenas nesse título, tanto o Tactics Ogre que é anterior quanto os contemporâneos Vandal Hearts e Kartia, me pareciam mais do mesmo, sobretudo numa época da minha vida em que a interpretação do que estava acontecendo era mais visual que textual, por eu não saber inglês. Essa mesma sensação de experiência similar seguia quando olhava jogos das próximas gerações, como a série Disgaea no Playstation 2. Isso só passou a mudar mais recentemente quando soube da existência da franquia XCOM, onde pude ver uma face ocidental nesse gênero, o qual tive uma intensa experiência com o Civilization V, que é a da mesma desenvolvedora, mas com a pegada de gerenciamento de recursos e não elementos de ação ou RPG.

Em meio essa desconfiança se deveria ou não dar uma chance a XCOM, ou outros jogos de estratégia por turnos, vi ano passado alguns trechos de gameplay de um jogo independente chamado Steamworld Heist e me apaixonei a primeira vista. Tudo por conta de sua usabilidade que foi percebida sem precisar jogar, apenas assistindo o trailer. Tive com facilidade a certeza que estaria no controle daquelas ações e não dependeria de inúmeros fatores que quebrariam a imersão, como maior exemplo: ter pouca porcentagem de acerto num tiro a queima roupa.

Escolha das fases em Steamworld Heist.

O que faz Steamworld Heist amigável?

Em Steamworld Heist, você controla robôs caçadores em um cenário espacial pós-apocalíptico. Há três capítulos no jogo, que são sistemas em que o jogador se direciona pelas fases, em cada capítulo há uma estética de cenário diferente com uma facção inimiga em especial. As fases são procedurais, ou seja, se você for repetir uma missão o mapa vai apresentar uma nova estrutura, sem mudar os objetivos. Para você que não gosta de estratégia em turnos, Steamworld Heist pode ser maior chance de entrar no gênero. O mais interessante é que desde os jogadores mais casuais quanto os mais hardcore têm espaço nesse jogo. Grande parte desse primor é por conta de sua usabilidade, todas as interações estão no controle do jogador, se você erra o alvo, não foi uma questão de sorte, é reforçada a sensação de poder fazer a diferença no ambiente virtual, o jogo busca oferecer o melhor feedback em qualquer situação, sem ser redundante. Os erros deixam de ser frustrações e passaram a ser incentivos para o jogador buscar uma estratégia melhor.

Como os tiros podem ricochetear na parede.

Durante as fases você sempre vai encontrar colecionáveis, baús, itens deixados por inimigos e no final das partidas você é bombardeado pelas recompensas que você coletou durante a fase. A maneira que o jogo te oferece as recompensas reforça ainda mais a vontade jogador de permanecer na jogatina, experimentando os itens que recebeu, ver como é a habilidade nova que seu personagem acabou de adquirir ao passar de nível. A punição quando o jogador é derrotado não é muito grande, em situações que você passa de uma fase com um de seus aliados destruídos, a quantidade de recompensas é diminuída por causa do desempenho mais fraco.

O visual do jogo também é algo muito convidativo, os robôs que o jogador controla são carismáticos apenas pela aparência. Mesmo que o enredo não seja o principal foco, as linhas de dialogo são divertidas. A estética do jogo se comunica com os outros títulos da desenvolvedora Imagem & Form, eles criaram um universo steampunk composto pelos Steamworld: Heist, Tower Defense, Dig 1 e 2. Mesmo como um jogador de primeira viagem da série, sem conhecer essas relações com outros títulos, a maneira como esse mundo é apresentado, essa sociedade de robôs a vapor e as facções existentes, despertou em mim uma curiosidade grande em entender como funciona essa civilização espacial.

 

O ambiente social dos robôs.

 

Vale a pena jogar?

É difícil encontrar um jogo que se assemelhe a Steamworld Heist, porque ele é de estratégia por turnos com perspectiva em 2D, onde o jogador explora os cenários e há um nível de exploração. Um jogo como Worms já te apresenta um cenário inteiro e o foco das partidas são diferentes. Quando finalizei Steamworld Heist, deu aquela sensação de “bem que poderia existir mais jogos como esse”. Diversas qualidades de jogabilidade, temática e ambientação poderiam ser adequadas a esse estilo, novos jogos com diferentes estéticas poderiam ter essa gameplay, desde gráficos em pixels art até polígonos, mantendo claro o eixo em 2D.

Steamworld Heist facilmente é um dos melhores indies que já joguei, tanto por ser um experiência única, quanto por ser amigável com qualquer tipo de jogador. Ele está disponível para PC no Steam e no GOG, Nintendo 3DS, Switch, Playstation 4, XBOX One e iOS.