Ao final de Vingadores – Ultimato sobrou aos fãs da Marvel a expectativa do próximo grande evento que deixaria uma marca profunda no MCU. De 2019 pra cá, o estúdio entregou suas primeiras séries e dois novos longas que deixaram um gosto amargo na boca. As atenções se voltaram aos Eternos, um filme com 10 novos heróis que seria a segunda produção mais longa do estúdio, um marco para um filme de origem. O longa atende as expectativas dos fãs que estavam com saudade de um grande épico da Marvel ao deixar de lado a fórmula já conhecida, trazendo consigo questionamentos filosóficos na telona.
O filme dirigido por Chloé Zhao narra a história de 10 seres chamados ‘Eternos’, enviados ao planeta terra pelos ‘Celestiais’ para eliminarem seres malignos denominados ‘Deviantes’ há 7.000 mil anos atrás. O grupo de imortais acompanha a humanidade em seus primórdios, porém não podem ajudar os seres humanos a evoluírem, respeitando isso, por exemplo, não criam ferramentas futuristas que a sociedade da época ainda não havia imaginado inventar.
O clima entre os Eternos e os seres humanos é de parceria. Ao decorrer da história, em momentos no presente e com flashblacks, fica claro que muitos dos mitos criados e contados pela humanidade foram momentos protagonizado pelo grupo de alienígenas. Quando voltamos a pensar na razão pela qual o grupo permaneceu sem ajudar a terra, mesmo com a destruição causada por Thanos, a explicação vem de forma simples, porém crível.
Dois grandes pontos chamam a atenção no filme, o primeiro é o núcleo principal. O longa consegue se dividir muito bem entre os dez protagonistas, dando voz a cada um, fazendo com que o espectador possa se importar com todos e realmente entender quais são suas motivações e como cada um trabalha usando seus poderes. O segundo ponto, são os questionamentos filosóficos levantados entre as mais de duas horas de filme. Os questionamentos debatem moral, ética e fanatismo religiosos, em um embate tão grande que a opinião do público se divide entre saber se o grupo são heróis ou genocidas.
Certamente esse é o longa mais autoral da Marvel, desde o trailer inicial, o tom do filme parecia como algo que o estúdio ainda não tinha realizado, e nisso não há do que reclamar. Em diversos momentos é bem provável que o espectador esqueça que está assistindo um filme de heróis da Marvel e fique encantado com a beleza das cenas e do enredo do filme.
Como nem tudo são flores, o terceiro ato do filme desliza em momentos onde a construção dos dois primeiros arcos se torna um problema. A grande batalha final não emociona e traz uma cena apenas para mostrar aos desavisados, que compraram o ingresso apenas pela Angelina Jolie, que a heroína é muito boa no que faz. Os deslizes do terceiro ato não diminuem a experiência do filme, ainda é um longa muito superior a vários outros da Marvel.
O final também é algo a deixar a mente dos espectadores nubladas quando o foco se vira para um personagem bem mal trabalhado no longa, no entanto, é certo que o filme planta uma semente que pode crescer em produções futuras da Marvel, sendo elas para os cinemas ou séries da Disney+.
Eternos é a melhor prova que a Marvel consegue trabalhar muito bem a sua atual fase sem necessariamente usar o conceito de multiverso que muitos fãs aguardam. Apesar da diferença do tom entre o restante do MCU, o filme cria expectativas para futuras interações entre os novos heróis com os heróis já conhecidos do público.