Olá, meus amigos! Recentemente o mercado livreiro percebeu um aumento considerável na venda de e-books, material que sempre esteve em segundo plano no catálogo das editoras. Aliado a isto está o aumento no consumo de quadrinhos durante a pandemia. Será que o mercado nacional de quadrinhos verá um novo paradigma no que se refere ao modo de consumir dos leitores?
O aumento no consumo de digitais é uma realidade. De acordo com o Libranda, principal distribuidor do setor na Espanha, as vendas de e-books cresceram cerca de 50% durante a pandemia. No Brasil o Skeelo, aplicativo de distribuição de e-books, registrou um crescimento de 275% no consumo de livros durante o mesmo período e, segundo a Bookwire, que distribui livros digitais para mais de 500 editoras no país, o número referente até início de abril é de 80% de tudo o que foi distribuído em 2019. São números impressionantes.
Outro dado recente que despertou um certo ar de positividade no cenário nacional foi o aumento no consumo de quadrinhos pelos brasileiros. Em matéria veiculada no “Bom dia Brasil” na última semana, foi apresentada uma tabela que mostra o crescimento das vendas de “HQs/Comics/Mangás”. O títulos teriam subido de posição, de 5º mais vendidos para 2º, perdendo apenas para romance. Os dados são da GfK (empresa de estudos de mercado alemã).
Em junho, a editora Guará anunciou uma série de lançamentos digitais. São quadrinhos lançados em capítulos, um por semana, de títulos nacionais como “Cidadão incomum”, “Teocrasília” e “Eu sou Lume”. O primeiro capítulo de “Cidadão incomum” ocupou as primeiras posições em vendas de quadrinhos digitais na Amazon assim que foi lançado.
A editora Conrad também entrou no jogo. Após um longo e sombrio período com as atividades quase paradas, a editora trouxe de volta Cassius Medauar, famoso no mercado nacional pela publicação dos primeiros mangás com leitura oriental e por editar títulos icônicos dos quadrinhos, tanto na Conrad como em outras editoras. Em seu canal do YouTube, a Conrad anunciou o lançamento de alguns títulos físicos, como os dois últimos números da coleção de “Calvin e Haroldo”, mas também informou que irá apostar no mercado digital com o lançamento de obras de autores nacionais já publicadas em formato físico. Entre os títulos estão “Echoes” de Eliana Oda, “Duo.tone” de Vitor Cafaggi e “Mayara e Annabelle” de Pablo Casado e Talles Rodrigues.
O que podemos estar vendo é um impulsionamento, uma aceleração do processo de migração para o digital. Claro, como sempre se diz no meio editorial, a mídia impressa não deixará de existir, mas pode perder bastante do espaço que tem hoje.
Para os independentes é que a dificuldade pode pegar. Apesar de existirem inúmeras formas de se publicar digitalmente, como a própria Amazon, os produtores independentes não terão o benefício de uma rede de marketing ou distribuição minimamente organizada. O que é um entrave no físico, também será no digital. Os eventos continuarão sendo um pilar para essa fatia da produção.
O formato digital também pode se tornar uma necessidade tão grande, que os meios de acesso a ele poderão ser facilitados, como ocorreu com o sinal digital da TV aberta. De qualquer forma, haverá dificuldades e um processo de adequação deverá iniciar muito em breve, quando sairmos da pandemia e tivermos dados para analisar o que vai ficar e o que foi ponto fora da curva.