Há muito tempo atrás, um amigo me recomendou um filme underground chamado Zero Charisma. “É engraçado”, ele disse. “Parece o nosso grupo”, ele comentou. “Vale a pena”, ele insistiu. E eu, como boa discípula que sou, dei um jeito de conseguir uma cópia.
Estereótipos à parte, não é sobre o filme que trata este texto. E sim o fato de que, através do longa, pela primeira vez, tive contato com a técnica de pintura em miniaturas. O personagem principal, Scott, além de Dungeons Master, também coloria os próprios guerreiros, elfos e magos do tabuleiro da história que narrava para os seus amigos há anos.
Essa referência me veio à memória assim que peguei essa pauta para escrever. Parece até pouco provável, mas tem gente com muito talento praticando o hobby aqui em Manaus. E esse é o caso do Germano Lobo, adepto da arte há pouco mais de 4 anos.
Em 2015, tive a oportunidade de fazer um minicurso ministrado por ele no SESC, onde aprendi sobre os melhores (e mais baratos) materiais, cores, fabricação e tipos de miniaturas e, o objetivo do curso, as principais técnicas de pintura e acabamento.
Eu até que me esforcei pra fazer bem feito, mas preciso de um desconto porque foi a minha primeira vez. O meu Clérigo porradeiro ficou parecendo o Goldar dos Power Ranger. Por favor, não me julguem.
Conversei com o Germano posteriormente e ele me contou que começou a pintar por necessidade. Ele via que muitos jogadores de boardgame tinham as suas miniaturas customizadas. E a realidade era essa: eles mesmos pintavam ou comissionavam o trabalho de alguém. Num tempo em que Manaus não tinha praticantes da arte, Germano decidiu que aprenderia a técnica e pintaria os seus próprios modelos.
O HOBBY
Com o tempo e subindo o nível da habilidade, Germano passou a ser contratado para dar mais vida e cor às miniaturas dos amigos. “Isso gerava em mim uma expectativa de trabalho bem feito, ainda mais quando era pago pra fazer algo que eu adorava”, disse.
Por experiência própria, a dica para quem quer começar é apenas uma: paciência. Não é tão simples pincelar e achar que as coisas vão ficar ‘profissionais’ de primeira. Afinal você viu o resultado do meu Clérigo aí em cima. O que foi ratificado pelo meu tutor naquele momento:
“Pintura em minis é um hobby pra quem tem paciência. Os resultados não aparecem logo no seu primeiro modelo, mas com treino e dedicação cada um vai desenvolver sua técnica e os resultados ficarão bem evidentes a cada nova tentativa”.
Outra dica valiosa é sobre onde buscar referências e conteúdo. A internet ta aí pra isso: vídeos, artigos e tutoriais estão disponíveis pela rede. Entrar em contato com outros pintores para feedback e dicas também ajuda muito a evoluir a técnica.
MATERIAIS
Chegamos numa parte delicada: os materiais. Muitas coisas estão disponíveis no Centro de Manaus. Pinceis, primer, alicates de corte e estiletes exatos podem ser barateados se você tiver um pouco de paciência para procurar. Os pinceis de ornamentar unhas (isso, esse mesmo que as manicures usam), por exemplo, podem ser uma opção com menor custo.
Entretanto, as tintas são a parte mais cara do hobby. A marca importada Citadel é a ideal, sobretudo as cores metálicas. E, para piorar, não é tão simples encontrar, muitas vezes só na gringa. Há uma segunda opção nacional da linha Natural Color da Acrilex. Pode ser uma alternativa para quem não quer investir muito ou quer só testar.
SKILL
Você se interessou pelo hobby? Tem vontade de aprender? Comenta no fim deste post sobre o seu interesse. Vou levar a lista de interessados à organização do primeiro minicurso e, dependendo da quantidade de alunos, é bem provável que uma turma seja fechada esse ano. Avisaremos aqui no blog caso dê tudo certo.
Agradecimentos pela consultoria: Germano Lobo.