Esta publicação – e mais algumas na verdade – é uma recomendação, e eu não podia começar minhas recomendações senão pela minha franquia favorita: Pânico.
Enquanto comunicólogo, fico fascinado pela experiência da saga Pânico. São filmes em que a experiência e o clima de terror iniciam já durante sua divulgação. Porém, o impacto – e inteligência – da publicidade do longa só é compreendida quando a gente conhece o contexto.
Cá estou eu dando uma de professor de história (hihi):
Estamos nos anos 90 e os filmes de terror caíram na mesmice. Depois de grandes ícones do terror (Jason, Freddy Krueger, Michael Myers, Pinhead, etc) terem sido utilizados em demasia, o gênero já não causava nenhuma surpresa. Grandes clichês do gênero já haviam se estabelecidos, os vilões sobrenaturais (e sua imortalidade) já não deixavam aberturas pra novos sentimentos, você já não torcia para personagens sobreviverem porque já tinha aprendido a ~manha~ de quem iria viver para contar a história traumática para os filhos. Enfim, ninguém mais tinha paciência para filme de terror. A indústria percebeu a perda de público e aos poucos ia abandonando o gênero.
Pânico entra como a aposta de Wes Craven para dar um novo ar ao cenário. E conseguiu! Além conquistar meu coração. :3
Quando digo que a experiência começa antes do filme é porque Scream (nome original em inglês), durante sua publicidade, provocava os espectadores avisando-os de que qualquer um podia morrer.
O elenco do original contava com alguns nomes de peso. O maior era Drew Barrymore, seguido por Courtney Cox (que aceitou o papel da repórter não-tão-certinha para poder se desvincular da imagem da tão-certinha Mônica de Friends), David Arquette e Neve Campbell. Como achar que matariam famosos?
Com tantos filmes de terror, criar um assassino que se inspirasse nas mortes dos filmes criou uma sensação de realidade ao filme. Afinal, quem nunca pensou que psicopatas poderiam se inspirar nas obras?
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Só sinta.
A épica cena de abertura de Pânico 1
“A morte está lá fora.
Não abra a porta. Não atenda o telefone.
Tente não entrar em pânico.”
Cara… O que é essa cena de abertura?! Ela apresenta muito bem o filme. Primeiro de tudo, é estrelada pela Drew Barrymore, o nome de maior peso do elenco. Colocar o nome mais famoso na maior cena de perseguição do filme já era de se esperar, mas de longe é um ponto negativo.
Nela conhecemos o vilão do longa, o Ghostface (não intitulado pelo filme, mas pelo público). O assassino já deixa bem claro que é um fã de filme de terror. Ele liga para a vítima e a faz responder algumas perguntas sobre filme de terror e, se errar, você já sabe. A pergunta sobre o Sexta-feira 13 pode pegar alguns fãs desprevenidos. Eu errei. Droga!
Sabe o que torna a cena genial? Se chocar com a estrela do filme morrendo na abertura! Some isso a um assassino humano (não sabe onde a vítima se esconde, leva porrada durante perseguição, etc) que usa uma fantasia que na época era possível encontrar em diversas lojas no Estados Unidos e pronto! O resultado é um suspense que não vai te deixar seguro sobre quem será a próxima vítima. Pode ser qualquer um dos adolescentes.
Crítica através da metalinguagem
Acredito que seja o recurso mais elogiado do filme, tanto por críticos quanto por fãs do gênero: as críticas que o filme faz aos clássicos do terror. Os adolescentes de Woodboros (cidade onde se passa o filme) assistiram Sexta-feira 13, Halloween, A Hora do Pesadelo e várias outras obras e, assim como o público, já sabiam como funcionava o roteiro de um filme de terror.
Durante a obra vamos ouvir sobre quem são os suspeitos, dicas de quem são as potenciais vítimas e o que fazer para sobreviver. Com isso em mente, se prepare para alguns clichês serem quebrados (e outros nem tanto).
Uma revelação do assassino surpreendente
Já que é uma recomendação, nada de spoilers então. O único comentário sobre a surpresa da revelação é que ela realmente existe. Como o filme não se atenta tanto aos detalhes (ponto negativo), não há como realmente saber quem é o assassino até que o mesmo seja revelado.
5 mapinguas para Pânico por motivo de: clássico.
Pânico 2 e a criação de clichês próprios
“Alguém não quer que o pesadelo tenha fim”
O primeiro filme com certeza foi um sucesso e impactou diretamente não só o cinema e o gênero, mas a cultura norte-americana. Você sabia que após o filme as vendas de identificadores de chamada subiram e muuuito? Não é de se estranhar que um ano depois, em 1997, tivemos a continuação direta.
O segundo longa consegue sobreviver à maldição das continuações. O filme, além de funcionar muito bem, volta com características marcantes do primeiro filme e acaba criando os próprios clichês da série:
- O primeiro clichê é uma cena de abertura com um assassinato que dá início ao pânico na cidade de Woodsboro.
- O segundo é a morte de uma personagem interpretado por alguém famoso. Nesse caso é a Cici, vivida por Sarah Michelle Gellar. Época em que Buffy era uma série de sucesso.
- Longas cenas de perseguição de tirar o fôlego.
- A crítica através da metalinguagem. Aqui os próprios personagens citam os clichês de uma sequência no terror.
- E claro, o ar de que qualquer um podia morrer. Veremos personagens do original tendo suas tripas rasgadas.
Com tanto sucesso, foram filmados vários finais na esperança de enganar o público sobre o final verdadeiro.
Nota máxima por conter minha cena de perseguição favorita na saga.
(Além de ser uma ótima continuação)
A morte de um personagem clássico em Pânico 3
“O grito mais aterrorizante é sempre o último”
Ok. Chegamos ao terceiro filme, o fim de uma trilogia. Com dois filmes repletos de novidades e com clichês próprios, como conseguir fazer um encerramento com carisma e identidade própria? Na minha opinião foi levar as regras dos primeiros filmes a um novo nível.
A clássica cena de abertura começa com a morte de um personagem de relevância nos dois primeiros filmes. Some isso à divulgação que anunciava o filme como fim da trilogia, logo já não precisava mais que o trio principal esteja vivo. Como não ficar aflito com as perseguições? Não queríamos que nossos personagens queridos morressem.
Mindblowing
Como levar a metalinguagem a um outro nível? Colocar um filme Pânico dentro de outro filme Pânico! Justamente o que acompanhamos nesse longa. Um charme próprio ver os personagens originários e personagens-atores os interpretando dentro do filme. Confuso e divertido!
Tão mindblowing quanto é colocar uma personagem principal com pequeno tempo de tela e ainda a história girar em torno da mesma foi um feito. Um final que unisse os três filmes também.
Apesar de não ser o meu favorito (e na realidade achar o pior dos 4 filmes), Pânico 3 ainda é um bom filme e que carrega bem o nome da série.
Com certeza o longa mais fraco, mas ainda assim um bom entretenimento.
Pânico 4, o começo de uma nova trilogia
“Uma nova década. Novas regras”
Um pouco mais de 10 anos após o terceiro longa, a franquia é revivida. Uma época em que reviver franquias no cinema em geral está na moda, é gratificante (pelo menos aqui) ver que Pânico voltou. A melhor parte de tudo isso? O retorno do amado elenco original.
A divulgação não poderia gerar mais expectativas. Trailer com o trio principal sendo atacado/esfaqueado, conversas sobre como se comportam os filmes de terror agora, várias caras conhecidas e várias cenas de perseguição. De deixar qualquer fã com as expectativas lá em cima!
O retrato da sociedade contemporânea
O filme consegue reproduzir e criar uma atmosfera de como seria uma onda de assassinatos nos dias de hoje: as pessoas tornando tudo entretenimento; a sociedade tendo acesso às informações pela internet quase que em tempo real; gravações, webcams e lives por todos os lados; e a necessidade de atenção.
É divertido e interessante ver como tudo se torna intrínseco à trama. A motivação e a revelação do assassino são surpreendentes – e eu amei!
Críticas ao terror (e talvez ao cinema?)
A metalinguagem aqui abusa de críticas à sociedade e à febre dos remakes de filmes de terror e do cinema em geral. Não há como ficar inquietado com a cena em que o Ghostface pergunta à Kirby (fanática por terror) um filme que teve remake e a mesma responder uma lista com pelo menos 10 franquias.
A parte boa de Pânico 4 é que, fora da curva de remakes, consegue ser um ótimo filme. Uma trama que não gira em torno das motivações da primeira trilogia (deixando a mesma intacta), consegue trazer as assinaturas da série e ainda apresentar novidades. Uma conquista e tanto!
Com certeza é o meu favorito (competindo pau a pau com o primeiro). De forma despretensiosa consegue criar um ótimo entretenimento com pitadas de críticas.
Ressuscitou sem denegrir o original. Meu favorito.
O Guilty Pleasure que é Pânico – Série de TV
Hoje, como fã da franquia, tenho que me contentar com a série produzida pela MTV. E tenho que falar, a tarefa não é fácil, mas também não é tão árdua.
Atores com atuações medianas, baixo orçamento, falhas de roteiro e todos os outros defeitos de séries da MTV você também encontra aqui. Some-se a isso a não participação do elenco dos filmes, do não-uso da ghostface (para a série criaram a Brandonface) e a escassez de grandes cenas de perseguição, pode parecer um fiasco à primeira vista. Mas não é não.
Personagens que você se apega ainda vão morrer. A metalinguagem também está presente. Muito legal ver os personagens conversando e analisando os assassinatos sob a ótica de como seria um slasher transferido para uma série.
O trabalho de publicidade da série também é muito legal! A divulgação da primeira temporada conta com vídeos e artes de personagens principais de outras séries da MTV sendo mortos. A divulgação da segunda temporada contou com uma live para transmissão do trailer, onde vemos uma encenação de pessoas no estúdio de transmissão sendo mortas.
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Aqui as estrelas mortas na “final party” da MTV
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A onda de assassinatos durante divulgação do primeiro trailer de Scream – TV Series
A MTV melhora o trabalho na segunda temporada, mata personagens importantes, coloca mais cenas de perseguição e mortes chocantes/surpreendentes, além de fazer referências à clássicos do gênero (com direito a cada episódio ter o nome de uma obra reconhecida do terror).
Não sei se sou capaz de recomendar a série, mas talvez você devesse tentar a sorte. Para mim ela é um guilty pleasure. Talvez possa ser para você também.
Com um pouquinho mais de carinho, seria tão legal!
Alguém mais gosta muito de Pânico? Qual a opinião de vocês sobre os filmes?