Olá leprechais! Hoje é dia de continuar a conversa sobre como 1998 não teria sido o que foi se não fosse o que passou!
Esses dias estive pensando, como games podem nos fazer passar momentos marcantes, durante e depois de jogatinas: claro! As histórias! Elas nos fazem pensar, sofrer e se alegrar com personagens e mundos! Uma das séries que mais me cativou quanto às suas histórias e jeitinho de narra-las é a série Metal Gear que um dia foi de Hideo Kojima.
Ela
Hoje em dia muito se fala sobre narrativa em games… e como a tecnologia disponível auxilia na imersão do gamer nos mundos fantásticos criados em bits e bytes. Mas, claro, no princípio, não era bem assim! Imaginem que, o primeiro game que me lançou de cabeça no mundo fantástico de grandes histórias fantásticas foi o Adventure do Atari 2600.
Quem vê até pensa…
… que era bonito! Mas lembrem-se que o game foi lançado em 1979! Numa era onde a velocidade de processamento, paleta de cores, quantidade de pixels, eram MUITO mais modestas que as de hoje. A história de Adventure se pautava em um cavaleiro que deveria encontrar o cálice para trazê-lo de volta ao reino.
Eu não gostei da roupa desse mago
Claro, nessa época os manuais e catálogos dos games eram mais caprichados, auxiliando todos a imergirem nas histórias contadas em pixels grandes e monocromáticos, pois os games tinham gráficos BEM simples.
Que bonito é… (?)
Em Adventure, o cavaleiro é representado por um “quadrado”. Assim, controlamos ele, explorando um mundo aberto, em qualquer direção, em busca do artefato. Trombando vez ou outra com inimigos que protegem o cálice.
Olha o mapa
Eu só quero dizer que esse mapa era impressionante para época. Na realidade, a simples existência de Adventure rodando num Atari 2600 é um marco na indústria. Seu criador, Warren Robinett, o criou em segredo, pois a Atari havia barrado o desenvolvimento do mesmo. Ora, Adventure é uma adaptação de um adventure de texto de PC... Colossal Cave Adventure.
A adaptação do game foi considerada muito difícil pelas esferas superiores da empresa. O projeto deveria ser cancelado. Mas Robinett foi persistente, e continuou tudo por conta própria. Depois de um ano trabalhando em segredo, Robinett mostrou o seu trabalho a alguns colegas: todos consideraram excelente. Assim, o game chegou às prateleiras. E foi um sucesso.
No universo de Adventure, você enfrenta morcegos e dragões com espadas. Abre calabouços com chaves. Explora labirintos. Os controles simples revolucionaram por trazer soluções práticas para as limitações de comando (ora, o joystick do Atari só tinha um botão!). É só o avatar encostar no item para carrega-lo!
Espada/cavaleiro Dragão chave e cálice (é mole?)
O mundo de Adventure é vivo: os inimigos perambulam pelas áreas, mesmo você não estando lá. E chegam de surpresa para atacá-lo. Algo corriqueiro em games de mundo aberto. Mas lembrem-se: estamos falando de 1979! Algo extremamente inovador, que posteriormente lançou bases para gerações seguintes de games do gênero. Os labirintos de Adventure são também um espetáculo à parte quanto as soluções narrativas e tecnológicas: para transpô-las, Robinett usou de paredes invisíveis, usando o a limitação de flick do console ao seu favor. Assim, a exploração era incentivada ao mesmo tempo que a magia da descoberta era potencializada! O cara foi um gênio, não é!
Duvida? Assiste o vídeo e presta bem atenção a partir de 5:56 min!
[arve url=”https://www.youtube.com/watch?v=XxgEYYIXRGk” mode=”normal” /]
E se não fosse tudo isso o suficiente para tornar o game um clássico imortal, Warren Robinett ainda criou outro conceito usado pela indústria até hoje: o de Easter Eggs nos games. Hoje muitos difundidos, surgiram de uma “vingança” no mundo dos games. Pois na era Atari, não se dava importância alguma para os desenvolvedores como criadores artísticos. Seus nomes nem apareciam em créditos após o fim dos games (nem fim a grande maioria dos games possuía!). Os game designers tinham salários baixos, seus nomes sequer eram citados nas embalagens dos games.
Robinett, queria deixar sua marca e isso foi interditado pela Atari. Mas ele não desistiu: criou uma sala secreta no próprio game revelando ao gamer o maior de todos os segredos de Adventure: quem foi seu criador!
Behold!
Maravilha, né! O mais legal: Adventure influenciaria diretamente Shigeru Miyamoto a criar um game do NES pra lá de conhecido em 1986…
Oi? The Legend of Zelda?
The Legend of Zelda influenciou todas as gerações do gênero ação-aventura que viriam depois. Mas antes, existiu Adventure do Atari 2600. E de lá até hoje a ciência da narratologia nos games… só cresceu e cresceu.
Pois é aquilo que meu avô disse: os velhos vão e os novos esquecem que eles foram.
Não se esqueçam disso.
Câmbio desligo leprechais.