Sires,
O tempo vai passando e vocês vão descobrindo um pouco mais de mim além do que está no meu perfil do Mapingua Nerd. Já devem saber que sou louco por games de horror… e agora devem saber mais ainda: o Mapingua ancião que vos escreve é um adorador dos RPG’s! E como gosto de falar de mim (me, me, me…no one but me) e minha relação com o universo gamer… nada mais cabível que contar um pouco sobre como fui iniciado (ui!) no gênero dos RPGs e como eles fizeram – e fazem – parte da minha história. Vamos lá?
Antes de mais nada: o que é um RPG? Grosso modo: é um game em que o jogador desempenha um “papel”! Eu sei, vocês já devem estar pensando: “Esperaí… isso tá genérico demais. Todos os games com um enredo tem essa característica…” mas calma, continuem lendo! Na verdade, o gênero RPG dentro do mundo dos games se caracteriza por escolhas que o gamer faz dentro rol de possibilidades para seguir dentro da trama do jogo. E é esse o nosso “papel”: escolher. Só que, ao mesmo tempo em que essa definição parece satisfatória, ela se torna vaga, dada a evolução do gênero com o passar do tempo.
Investigando o assunto podemos citar certas características que são comuns a todos eles, como o caráter evolutivo dos protagonistas, que estará sempre presente no gênero através de dispositivos de evolução de certas características dos personagens por meio do combate, como poderes sobrenaturais e habilidades do (s) protagonista (s) do game. Além disso, uma trama de ficção complexa deverá ser solucionada a partir de informações coletadas e por vezes ao longo do desenrolar de “sidequests” que podem modificar os rumos do enredo.
Bom, acho que basicamente seria assim não é!? Mas existem ainda outros detalhes que pervertem essa definição, e isso é conversa para outra hora. Vamos manter o nosso foco! Continuem lendo…
A Era 8 Bits: origens e anos 80
O gênero RPG chegou aos consoles através de Dragonstomper, game do Atari 2600 produzido pela Starpath e lançado no ano de 1982 do Nosso Senhor. Dragonstomper – o primeiro RPG para vídeo game – foi lançado para ser jogado com o inusitado add-on Super Charger. A sacada da Starpath (que desenvolveu o dispositivo) foi aumentar a capacidade de memória RAM do Atari 2600 para proporcionar melhorias gráficas (imaginem que o Atari 2600 tinha 128 bytes de RAM e com o Super Charger alcançou a marca dos 6k).
O Super Charger revolucionou por permitir também que fosse possível um novo formato de mídia para o armazenamento de games: as fitas cassete. Isso mesmo… daquelas que qualquer pessoa que vivenciou a era analógica da música usava para gravar seus “backups”. O add-on era encaixado na entrada para cartuchos do console e um fio com um plug que saia do módulo era ligado na saída para fones de qualquer gravador cassete. O game era colocado no gravador, você apertava o botão “play” e jogava!
Eu conheci o Super Charger. E joguei Dragonstomper. Na época que eu tinha um Atari 2600, minha prima também tinha, e meus vizinhos (mas espere…QUEM da classe média não tinha um Atari 2600 na década de 1980 aqui no Brasil? ). Num domingo qualquer de uma semana qualquer de algum ano da referida década (Ok… acredito que entre 1987-8) minha tia foi nos visitar em casa com a minha prima, e enquanto conversava com meus pais na sala, me viu jogando Enduro. Disse que havia comprado um aparelho que permitia jogar video game por meio de fitas cassetes. E mais: tinha comprado alguns games que eram fitas cassetes em vez de cartuchos. Eu nem dei bola para o que ela disse, mas o tempo passou e um dia fui com meus pais à casa dela, quando me deparei com minha prima e minha tia jogando Frogger com a geringonça. Curioso como sou, perguntei logo o que era aquilo. Prontamente minha tia me explicou que era “só ligar o negócio onde colocava o cartucho, plugar em um toca fitas e apertar no play. E pronto!” Fiquei fascinado. Minha prima tinha incríveis três games para o treco. Frogger, Pac Man e… Dragonstomper
Gente, eu não havia me tocado até pesquisar informações para esse artigo que joguei o primeiro RPG realizado para um console de mesa! Na época achei o game horrível, joguei para testar… e logo eu, minha prima e minha tia abandonamos ele para jogar Pac Man. Não entendi nada de Dragonstomper (ora bolas, eu era pirralho!)… quando tiver um tempinho, vou atrás do game para sacar qual é realmente a dele…
Dragonstomper surgiu na primeira geração de games desenvolvidos especialmente para o SuperCharger. Foi lançado juntamente com Phaser Patrol, Fireball, Communist Mutants from Space e Suicide Mission. Conta com elementos que lançariam bases para ser posteriormente característicos dos RPGs. O tema fantástico – você é um cavaleiro que deve salvar um reino de um dragão malvado (oh, já vi isso em algum lugar!) – e no decorrer da aventura você coleta ouro e itens como anéis, poções e etc – visita cidades, igrejas… e luta contra monstros, até se encontrar com o tal dragão. Aliás, o dragão oprime o reino através do poder de um amuleto roubado de um mágico. É interessante destacar que no game se tem o poder de decisão para realizar algumas tarefas além de evoluir em dois atributos do personagem: strength e dexterity, que é também uma peculiaridade do gênero RPG em sua forma clássica.
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Infelizmente com o crash da indústria gamer americana, Dragonstomper não se transformou em fenômeno digno de se firmar como uma referência comercial para o console da Atari. Tal situação só seria observada com o ressurgimento da Indústria gamer, agora deslocada em seu epicentro no Japão pelos esforços de uma certa empresa nipônica chamada… Nintendo.