Se tem algo que pode fazer a diferença no dia de alguém é uma boa sessão de cinema. Quem não curte matar a ansiedade de finalmente assistir aquele filme que tanto esperava lançar? Não importa se o mesmo vai vir dublado ou legendado, certo? Errado! Para muitas pessoas, essa escolha é crucial. É uma escolha do tipo “pílula azul” ou “pílula vermelha”. E para comprovar isso nada melhor do que ir atrás de uma sessão que me agrade. No meu caso, uma legendada.
E como é difícil achar. Talvez mais rara do que um Dragonite. Quando fui comprar um ingresso de forma online, percebi que dos cinco complexos de cinemas presentes em Manaus (Cinépolis, Cinemark, UCI, Cine Araújo e Kinoplex) somente um deles dispõe de sessões legendadas e, em alguns casos, somente à noite. Foi assim que consegui assistir a Star Trek – Sem Fronteiras, por exemplo.
Nada contra quem curte uma película dublada. Eu mesmo gosto e admiro o trabalho de muitos dubladores como os eternos Márcio Seixas e Guilherme Briggs. Tão pouco estou procurando batalhar no ginásio dos “dublófilos”. A estes tenho completo respeito e é energético conversar com alguém que adora dublagem, porque assim sempre trocamos ideias a respeito de adaptações de piadas, contextos e gírias. Aprendo muito nesse brainstorm. A única coisa que me preocupa é o fato de uma pequena fatia das sessões nos cinemas manauaras serem destinadas aos legendados. Busquei provas e fatos do porquê disso estar acontecendo. Às vezes a gente tem que se distanciar do papel para conseguir enxergar o desenho todo com mais clareza.
Na revista mensal “Filme B”, focada em cinema enquanto circuito nacional, encontrei uma pesquisa feita por ela em 2014, fatorando o porquê da tendência dos filmes dublados. Basicamente o crescimento dos espectadores das classes C e D, o costume de ver filmes dublados na TV aberta (fato que influenciou inclusive o consumo na TV fechada) e o fato dos filmes também virem em 3D e com montagens rápidas influenciaram as redes de cinema a se adaptarem aos seus clientes, sendo assim, com muitas cópias dubladas. Inclusive Manaus lidera a lista de cidades cujos habitantes preferem ver filmes dublados. De três milhões e quinhentos mil ingressos vendidos nos cinemas de Manaus em 2014, cerca de 70% deles foram voltados para filmes dublados, enquanto 15% eram para os legendados. A reportagem pode ser conferida com mais detalhes neste link, a partir da página 34.
O que reflito a respeito de toda essa busca (seja ela empírica ou informacional) é que, inevitavelmente o poder da escolha se mantém favorável aqueles que de fato o tem. Ora, nas locadoras haviam fitas dubladas separadas das legendadas. E todo final de semana estávamos lá. Porque no cinema seria diferente? Podem existir poucas cópias, mas pelo menos existem. E é isso que a vida tem de melhor.
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