Olá, leitores!
Em março de 2020 a OMS decretou que o surto de covid-19 se tratava de uma pandemia. Desde então enfrentamos muitos desafios e inúmeras derrotas enquanto sociedade. Esse ano as vacinas chegaram e com elas a esperança de voltarmos à normalidade. Mas será mesmo que já estamos seguros para nos encontrarmos em grandes eventos de quadrinhos e cultura pop? Vamos bater um papo sobre isso!

Recentemente a New York Comic Con teve os ingressos para sua próxima edição presencial esgotados. Segundo a organizadora, ReedPop, a edição terá público reduzido e restrições por conta da covid-19, mas não divulgou detalhes com relação ao número de vendas. Nos EUA a vacinação está avançada e já alcançou 48% da população com as duas doses, num universo de mais de 328 milhões de habitantes.

Por aqui o perfil oficial da Comic Con Experience fez uma postagem um tanto enigmática no Twitter e os seguidores interpretaram como um teste da audiência sobre um retorno do evento presencial. A resposta não foi muito agradável.

Vamos lá: o Brasil tem cerca de 211 milhões de habitantes. A vacinação, que começou por aqui na segunda metade de janeiro, segue lenta, porém constante, e já alcançou 14% da população. Enquanto isso, a média móvel continua acima de 1.000 óbitos diários, apesar da desaceleração, um resultado direto da vacina. Isso quer dizer que a pandemia pode estar arrefecendo, lenta e gradualmente, mas não significa que ela está completamente controlada.

Os riscos de voltarmos com os grandes eventos e com as aglomerações diárias (o que já está acontecendo por conta do abandono das medidas de distanciamento) é de produzirmos novas variantes, mais transmissíveis, letais e/ou que escapem da ação das vacinas. Se isso acontecer, mesmo que não haja terceira onda no país, as mortes continuarão num alto patamar até que a imunização esteja bem avançada, o que não deve ocorrer antes de dezembro.

Em janeiro fiz um texto sobre algumas especulações com relação ao cenário em 2021 e sinto muito ter acertado tanto. A notícia não é boa: não é hora de grandes eventos. Quem já foi na CCXP sabe que seria impossível manter algum distanciamento por lá. O evento é uma maratona e, por conta da proximidade e contato com tanta gente por tantos dias, não é incomum que os expositores fiquem gripados ou esgotados após o evento. As estatísticas estão postas aí, provando que a pandemia não acabou e que ainda deve demorar para ela acabar.

A previsão do Ministério da Saúde é vacinar toda a população brasileira adulta ainda este ano, sem atrasos na entrega de vacinas e com um número aproximado de 1 milhão de doses aplicadas por dia. Se isso de fato acontecer, o ideal é que os eventos de grande porte se programem para o próximo ano, ainda levando em consideração a circulação do vírus e promovendo cuidados para evitar a propagação. No entanto, sabendo da dificuldade que pequenos produtores têm para escoar sua produção e pensando na situação individual de cada cidade do país, eventos de pequeno porte, que ocorram em local aberto, talvez estejam liberados ainda esse ano. As estimativas demonstram que quando atingirmos entre 60% e 70% de imunização, a circulação da doença estará controlada.

Esse não é um debate simples, assim como o de retorno às aulas, por exemplo, mas é fato que não houve coordenação nacional no combate à pandemia no país e que a recusa dos governantes em executar um lockdown sério levou ao descontrole da doença. Promover aglomerações, neste momento, ou contar com o avanço da vacinação tendo a péssima gestão federal como baliza é de uma irresponsabilidade enorme.

Segurem os ânimos e continuem se cuidando, ano que vem as coisas voltam ao normal e a gente vai poder se esbarrar nos corredores dos eventos, ficar horas em filas, comer churros em BH e comprar aquele quadrinho nacional direto com o autor! Até breve…

Fontes:
Átila Iamarino
Our World in Data