Com quase 2,5 milhões de inscritos em seu canal e centenas de visualizações em seus vídeos, Zangado é considerado um dos maiores youtubers de games no Brasil atualmente. Não foi à toa que ele foi a atração principal do Manauara Game Party, evento realizado pelo Shopping Manauara em julho. Sempre misterioso, o youtuber não tira a máscara nem quando o entrevistamos, pouco antes dele subir ao palco do Teatro Direcional.

Na conversa, falamos um pouco de como ele – um engenheiro que mora em Cuiabá, capital do Mato Grosso – começou a fazer vídeos, lá em 2009; dessa sua segunda visita a Manaus nesse ano (em abril ele participou do Anime Jungle Party) e do carinho dos fãs daqui. Acompanhe.

Como um engenheiro decide colocar uma máscara e começa a falar de jogos no Youtube?

Zangado: Quando eu comecei [a fazer vídeos] eu ainda era um estudante de engenharia e, como era uma coisa na brincadeira, pra distrair, eu não queria me expor na internet, porque quando você bota a cara na internet, pra você virar piada é rapidinho. Então eu só focava nos games e até hoje é assim, a estrela do canal são os games, eu sou coadjuvante.

Por falar nisso, percebi que você não coloca uma câmera mostrando você enquanto joga…

Sinceramente acha que fazer isso atrapalha. A galera quer ver o gameplay, não eu, e ouvir os comentários que você tem sobre a situação, fazer uma piada, afinal é entretenimento e tem que ter uma piada. Mas se colocar câmera tira um pouco o foco do jogo.

Mas então, continuando com a história de quando você começou…

Depois que eu me formei, também não mudou muita coisa, porque na época não tinha esse negócio de network, querer ganhar dinheiro. Eu fiz vídeos pro Youtube dois anos e meio sem ganhar nada, porque eu não tinha esse propósito de fazer dinheiro, era por gostar e ser gamer mesmo.

Você fala que usa a máscara por ser uma pessoa mais reservada, que não quer se expor. Em todos esses anos alguém já te reconheceu?

Eu moro em Cuiabá e lá o público pra isso é pequeno ainda.  Eu tô começando a ser conhecido agora, que eu vejo pessoas no Facebook ou Instagram falando que também são de Cuiabá. Algo até interessante é que eu tô voltando aqui pela segunda vez em Manaus e você viu como é que tá lá fora [cerca de mil pessoas esperavam para ver a apresentação de Zangado]. O povo aqui tem um carinho e amor muito grande e na minha cidade não tem. É estranho isso, não é?

Já aproveitando que falou de Manaus, o que você acha do público daqui?

Eu já tive o privilégio de ir em muitas capitais e cidades do Brasil, e tem alguns locais em que eu fui muito bem recebido. Manaus foi assim, um dos mais. O povo aqui… é um carinho… e não é puxando o saco não cara, não tem porque ficar puxando o saco, mas é absurdo, o calor do povo aqui é absurdo. Eu gostei e sempre que puder voltar…

Isso foi algo que te pegou de surpresa?

Sim. Antes de vir pra cá a primeira vez [para o Anime Jungle Party, em abril] eu fiquei com medo. Eu pensei: ‘cara, não vai ter ninguém lá’. Eu fiquei nervoso, pensando: ‘Eu vou entrar lá e vai ter cinco ou seis pessoas’. No final, quase derrubaram o palco de tanta gente que tinha!

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O seu público é formado por muitos adolescentes, até crianças, você sente alguma responsabilidade em tentar passar alguma mensagem pra eles, já que você pode influenciar tanto eles e tal?

Pra essa galera [mais nova] eu passo valores de, tipo, respeitar os pais. Não brigar por causa de videogame, não ser fanboy. Eu falo nos vídeos que eu não suporto fanboy. De entender também os limites financeiros nos pais… Então eventualmente eu passo esses valores

Também tem o lance de não se vislumbrar com fama, não querer ser youtuber e deixar de estudar, como se isso fosse o ápice de alguma coisa. Eu sou pé no chão e digo pra eles serem também. Quer ser youtuber? Quer fazer vídeo de vlog? Ninguém te impede de fazer isso. Mas traça como a maior meta da sua vida.

Como é a sua rotina para jogar e fazer os vídeos?

Eu faço tudo, o texto e a edição do vídeo. Pra você ter uma ideia, eu cheguei ontem aqui em Manaus, trouxe meu notebook e fiquei escrevendo, antes de vir pra cá estava escrevendo… sobre Fallout, fazendo uma análise do Fallout 3 e ao mesmo tempo fazendo um guia, porque tinha prometido que iria fazer isso antes de lançar Fallout 4 [em novembro] e se preparar pra ele.

Depois que terminar aqui o evento eu volto e continuo a escrever mais ainda e quando chegar lá [em Cuiabá] eu gravo o áudio, pego o gameplay e monto tudo. Agora, os vídeos de “A primeira Meia Hora”, “A primeira uma hora”, “Conferindo o Game”, Testando a Demo”, aí é ao vivo, eu jogando e falando ao mesmo tempo.

Por que você acha que faz tanto sucesso para ter quase 2 milhões e meio de assinantes?

Muita gente que acompanha o canal é mais ou menos da nossa idade [Zangado tem 28 anos] e esse público é meio órfão no Youtube, não tem muito canal que o pessoal da nossa idade curte. Porque também quando a gente vai ficando mais velho a gente vai ficando mais chato, né? Vai perdendo a paciência pra muita coisa… Você só quer assistir ali o que você quer, que é o jogo, quer dar uma risada e aprender alguma coisa…

Então esse público que é órfão encontra o seu lugar que é lá no meu canal e fica ali. Até mesmo a molecada um dia vai gostar.

Você já faz vídeos pro youtube há seis anos. Você tem uma meta, até pensar em parar de fazer vídeos? Você pensa em parar algum dia?

Olha, eu quero ter um legado, deixar uma marca, quero que as pessoas lembrem de mim. Então eu trabalho pra ter esse legado e enquanto eu não me sentir satisfeito com isso não tem como parar.