Para mim, metroidvanias são como pizza – podem nem sempre ser as mais saborosas, mas é pizza, você sempre acaba mandando uma fatia pra dentro. Esse gênero de jogos tem uma essência que, mesmo com alguns tropeços, consegue prender a atenção e oferecer algo de interessante. E é exatamente isso que BIOMORPH entrega: uma experiência que, apesar de ter alguns pontos fracos, ainda é bom de jogar. Se você, como eu, é apaixonado por metroidvanias, vai entender que mesmo uma fatia menos saborosa ainda tem seu valor.

Caso você não saiba o que é “Metroidvania”, é um termo minimamente torto da mistura de dois jogos famosos do gênero, Metroid e Castlevania, mas que eu prefiro chamar de “Buscação”. Resumindo é um estilo de jogo que você só vai ter acesso a determinadas áreas ou itens, que já foram visitadas com uma habilidade adquirida mais para a frente do jogo. Não diria que só isso faz esse estilo de jogo, mas é só para entender melhor.

Eu particularmente gosto muito de “Buscação”, tanto que só este ano joguei Nine Years of Shadow e Blasphemous 2, e tenho como jogos favoritos Hollow Night e Ori and the Blind Forest. Todos esses sendo ótimos “buscações”. E daí chegamos a BIOMORPH, lançado em 5 de abril de 2024 e desenvolvido pelo pessoal da Lucid Dream Studios.

Visual competente, mas com um sentimento de jogo em Flash…

História simples mas que não sai do básico

O enredo do jogo gira em torno de Harlo, o protagonista. Ele começa a história congelado e, ao despertar, não se lembra de quem é. Conforme você avança na trama, descobre mais sobre a identidade de Harlo através de flashes e vislumbres de sua vida passada, além de conhecer sua companheira, que acredito se chamar Cleo. Visualmente, o jogo cumpre bem seu papel, as cutscenes são surpreendentemente boas para um título indie, mas, ao explorar o mapa, senti que o visual, embora competente, lembra bastante os jogos em flash da época do Newgrounds. É charmosinho, mas nada que faça brilhar os olhos.

Na pele do inimigo… pra valer!

No entanto, o que realmente se destaca em Biomorph é a jogabilidade. O combate começa um pouco travado, mas melhora à medida que Harlo desbloqueia habilidades através de “chips” e “mementos” (o jogo ainda não possui tradução em português, mas já foi prometida para ser lançada em breve). Os chips são divididos em tipos de combate — podem ser ataques à distância, combos especiais, aumento de força da pistola, entre outros. Já os mementos são habilidades passivas que incrementam status como vida, força ou velocidade do personagem.

O grande diferencial do combate são os biomorfos, que, sem dúvida, é o aspecto que mais gostei. Ao derrotar um inimigo, você pode copiar seu DNA e assumir sua forma, o que é útil para enfrentar outros chefes, inimigos, ou atravessar áreas inacessíveis sem essa transformação. Alguns biomorfos são essenciais para avançar por certas zonas ou destruir portas que bloqueiam o caminho. A variedade de inimigos e biomorfos é considerável e evita a sensação de repetição.

Exploração facilitada

O mapa do jogo é vasto, realmente gigantesco, mas felizmente conta com a opção de Fast Travel, facilitando o deslocamento entre áreas. Outra coisa que Biomorph faz bem é marcar no mapa, com um ponto, o destino que você deve seguir, evitando que você se perca ou fique sem saber para onde ir. Isso economiza tempo e frustração.

Além disso, o jogo apresenta uma cidade principal chamada Blightmoor, onde você pode construir instalações que se transformam em lojas. Nessas lojas, é possível comprar habilidades, chips, mementos e melhorar o personagem aos poucos, à medida que você encontra blueprints pelo mapa e expande a cidade.

Blightmoor, a “cidade-base” para o jogador

Por fim…

No entanto, como mencionei antes, alguns aspectos ficaram a desejar, sendo o enredo um deles. Não que os outros jogos do gênero tenham histórias extraordinárias, mas senti falta de um mistério ou de algo que me fizesse me importar mais com os personagens. Outro ponto decepcionante são as batalhas contra chefes; eles seguem um padrão de ataque que se repete até a exaustão, e no início do jogo, você causa pouco dano, tornando as lutas repetitivas e tediosas.

Mas, de longe, o que mais me frustrou em Biomorph foi a movimentação. Depois de jogar Nine Years of Shadows, que tem uma fluidez deliciosa, ou até mesmo Ori, onde atravessar uma área sem tocar o chão é um prazer, aqui encontramos uma movimentação truncada, nada agradável para explorar ou navegar pelos mapas.

Biomorph foi lançado em 5 de abril de 2024, e atualmente está disponível apenas no Steam para PC. No entanto há planos por parte do estúdio de lançá-lo para outras plataformas ainda em 2024. Se você é um amante de metroidvanias, deve dar uma chance a este jogo. No entanto, pra mim Biomorth é tal como pedir uma pizza delivery em uma noite preguiçosa: cumpre seu papel, mas será que vai ser aquela pizza que você vai lembrar no dia seguinte?

Análise publicada com cópia digital cedida pela Lucid Dreams Studio, via Keymailer.