Gabriel Billy é um artista, músico e escritor carioca, dono de uma editora de quadrinhos. Amante do folclore brasileiro, Gabriel se junta aos ilustradores Zakuro Effyoama e Rebeca Acco no livro “Vera Cruz”, que coloca a cultura steampunk em um cenário bem nacional.

Steampunk à brasileira

“Pouca gente sabe, mas foram brasileiros os criadores do rádio (Padre Landell de Moura), da máquina de escrever (Padre Francisco de Azevedo), do dirigível (Julio César Ribeiro), da fotografia com nitrato de prata (que é a fotografia com a qualidade que conhecemos hoje, o brasileiro inventor foi Hercules Florense), o Balão de ar quente no mundo ocidental (Padre Bartolomeu de Gusmão), etc. Inseri, além de Santos Dumont, todos esses inventores e suas tecnologias. Coloquei personalidades e acontecimentos históricos e muitos elementos de fantasia baseados no Folclore.”, conta Gabriel.

 Inspirado no folclore

“Tive uma ideia há muito tempo de fazer um quadrinho onde os mitos brasileiros incorporariam nos personagens principais, dando-lhes poderes relacionados às lendas.”, revela. “Está tudo aqui para a gente, pronto para ser explorado de maneira única no mundo. Quem tem mais chance e acesso a falar de algo do Brasil que o próprio brasileiro? E mais, é algo extremamente rico!”.

Gabriel diz ainda que as lendas nacionais são bastante ricas, uma mistura que gerou uma explosão de referências. Além do fator de poder aproveitar toda a riqueza disponível, o autor também diz que acha importante esse tema para que todos possam enfrentar uma questão de identidade que possam ter.

“Isso é um assunto bem complicado de desdobrar aqui porque é algo longo, mas tentado resumir: nós temos dificuldades em assimilar nossa própria cultura como algo bom, e essa postura reflete em tudo, desde nossa “autoestima” até nossa economia, uma vez que os padrões de consumo mundiais são globalizados e os meios de produção não.”, revela Gabriel Billy. “Nós nos subjugamos diante das culturas que estão bem afirmadas. Um exemplo: uma vez um colega falou que uma expressão indígena era tosca, que a palavra soava feia e era meio que ridícula. Então eu pedi pra ele dizer uma palavra em inglês que ele achasse tosca. Ele disse que não existia. É um exemplo sutil, mas válido. Você vê que é colonizado culturalmente quando até seu idioma você considera pior, sem ter um motivo lógico pra isso. Enfim, além de ser um universo ótimo, espero conseguir ajudar na afirmação da nossa cultura.” 

Publicando o livro
 
Há uma campanha no cartase para finalmente lançar o livro, que você pode apoiar até o dia 21/06, com qualquer valor, em troca de itens exclusivos como recompensa.

Gabriel Billy é roteirista da Webcomic Libertas , autor do livro policial Na Fronteira da Realidade (Editora Torre – 2012) e da ficção científica Madame Cosmópolis.