Mikael Quites é um artista de Porto Alegre no alto de seus 31 anos e já trabalhou nos mercados editorial e publicitário. Atualmente Mikael foca em concept art para games. Incentivado pelos pais desde criança, desenvolvia seus desenhos e produzia sua arte. O artista chama atenção ao retratar em suas artes conceituais lendas do folclore brasileiro.

O motivo de trabalhar com lendas e cultura brasileiras é minha paixão pelo tema, que vem desde pequeno, unida com a falta de explorar o que temos aqui. Também vejo um mercado saturado no entretenimento, com os mesmos temas, histórias e personagens reciclados. Eu vi aqui uma oportunidade de mostrar que o Brasil tem, sim, muito a contribuir para o entretenimento. Também tenho estudado e pesquisado religiões afro-brasileiras, pois estou aos poucos retratando os Orixás dessas culturas riquíssimas. 
Mikael concedeu uma entrevista para o Mapingua Nerd que você pode conferir agora:
 
MN – Como foi sua trajetória para virar um ilustrador? Aprendeu sozinho ou teve de estudar pra isso?

MQ – Minha trajetória para virar ilustrador começou na infância. Eu ilustrei um livro infantil com 11 anos sobre lendas brasileiras, chamado “Leggende del Brasile”. Sempre desenhei e fui incentivado por minha família. Quando escolhi um curso de faculdade, procurei algo que tivesse a ver com imagens, optando por Publicidade e Propaganda, o que me levou ao ramo da ilustração publicitária, com a qual trabalhei durante muitos anos. Sou principalmente autodidata, especialmente com a quantidade de material que existe hoje em dia, mas já fiz alguns cursos sim. Dou destaque ao curso de Design de Personagens da escola ICS de São Paulo (ics.art.br) e o de Figura e Anatomia Humana de Gustavot Diaz aqui em Porto Alegre.

Encontro do Mapinguari e Potira reimaginado por Mikael Quites.

MN – Como você sente que é o mercado para um ilustrador no Brasil? Já chegou a fazer trabalhos para o exterior?

MQ – Eu acredito que o mercado está bem mais amplo hoje em dia para quem quer trabalhar com ilustração. Há muito mais possibilidades de trabalho do que quando comecei, quando havia basicamente só os mercados editorial e publicitário. E a realidade de trabalhar para o mundo inteiro é impressionante. Sim, já fiz trabalhos para o exterior.

MN – De onde veio a inspiração para retratar o folclore brasileiro em seus traços?

MQ – A inspiração para retratar o folclore brasileiro vem de minha paixão por cultura e causos que envolvam o sobrenatural, algo que tenho desde pequeno. Sempre gostei de terror e criaturas, então foi uma ligação natural. Além disso, eu vejo uma saturação do mercado em questão de temas e histórias, até mesmo pelo fato de ser sempre algo de fora, de outras culturas. O Brasil é riquíssimo e muito pouco explorado.

Minha namorada é de Manaus e já visitei a cidade umas cinco vezes, aos poucos me tornando um manauara também.

MN – Hoje você vive trabalhando como ilustrador?

MQ – Sim, hoje vivo trabalhando como concept artist e ilustrador, como freelancer no momento.

MN – Tem alguma dica para as pessoas que queiram entrar no mercado como ilustrador?

MQ – Para quem quer entrar no mercado, a dica é: desenhe muito e foque nos fundamentos de desenho como anatomia, formas, desenho gestual. Em paralelo, aprenda softwares, técnicas, etc. Aconselho aperfeiçoar primeiro o desenho, pois ele é a base de tudo, seja de cor, escultura, 3D, etc. Lembre: seu portfólio é sua vitrine e cartão de visita. Invista nele e tenha paciência, trabalhos bons vem com tempo e prática. É muito importante também participar sem medo de redes sociais e eventos da área, sempre fazendo networking – claro, sem ser chato. E outra grande dica é fazer cursos com professores mesmo, não só tutoriais online. A troca e aprendizado são muito melhores, fazendo com que se evolua mais rápido.


Mapinguari reimaginado por Mikael Quites.