Todos nós estamos acostumados com os blockbusters hollywoodianos. Eles enchem as salas de cinema, TVs e serviços de streaming, mas saiba que existem inúmeras produções estrangeiras e não americanas de excelentíssima qualidade.
Minha intenção aqui não é indicar filmes massantes, de difícil compreensão, feitos para um público restrito. Pelo contrário, quero mostrar que todos os anos muitas produções divertidas e inteligentes são feitas na Europa, Ásia e América Latina, e que você não precisa ser um cinéfilo para curti-las.
P. S.: Não coloquei filmes franceses, pois essa indústria merece um post próprio 😉
A vida é bela – Itália
Quem me conhece sabe que este é meu filme favorito, não por questões técnicas, ainda que o roteiro e a trilha dessa obra sejam impecáveis, mas muito mais pela mensagem que ela transmite. É algo simplesmente espetacular. O filme conta a história de Guido (Roberto Benigni), um Judeu que ao alvorecer da guerra acaba sendo enviado a um campo de concentração com seu filho, Giosué (Giorgio Cantarini). Em face ao horror, Guido resolve dizer a Giosué que tudo aquilo não passa de um jogo, para que a criança não se dê conta terror no qual estão inseridos.
O filme foi indicado a 7 categorias ao Oscar e venceu 3 delas, incluindo Melhor Filme em Língua Estrangeira (tirando de Central do Brasil), e deu a estatueta de melhor ator a Roberto Benigni, diga-se de passagem uma das premiações mais emocionantes da história da Academia, clica aqui e dá uma conferida.
O labirinto do Fauno – México/Espanha
Na minha opinião o melhor filme de Guillermo del Toro. A história acontece logo após o término da Guerra Civil Espanhola. Ofélia se muda junto com sua mãe, Carmen, que está no final da gravidez, para uma cidade do interior junto de seu novo padastro, Vidal, um cruel capitão do Exército Franquista. Uma noite, Ofélia descobre as ruínas de um labirinto onde se encontra com um fauno, que lhe faz uma incrível revelação: ela é uma princesa, a última de sua estirpe, aquela que todos passaram muito tempo esperando. Para poder regressar a seu mágico reino, a garota deverá passar por três provas, nada fáceis, antes da lua cheia.
Eu devo admitir que tinha muito medo das criaturas que o Del Toro e sua equipe criaram. O Homem Pálido é uma das criaturas mais bizarras que já vi. Uma curiosidade: Doug Jones, que interpretou o tal Homem Pálido (ele é o Fauno também), passava 5 horas se caracterizando para o personagem! O ator tinha bastante dificuldade para respirar durante as gravações, já que as narinas das máscara eram feitas para ele enxergar, não respirar (te mete!).
Battle Royale – Japão
Após uma grande crise sócio-econômica, o governo decide criar um jogo para que a população não se esqueça de tal crise, que consiste em deixar um grupo de jovens num lugar isolado, onde cada um terá direito a uma arma para se proteger e matar seu adversário. Cada participante possui um rastreador e o jogo termina quando resta apenas um participante vivo. Você já viu algum jogo parecido com isso ultimamente? Algo meio voraz?
Enfim! Um dos meus diretores favoritos, senhor Quentin Tarantino, é assumidamente fã deste filme. O longa é baseado no livro homônimo escrito por Koushun Takami, que virou mangá pouco tempo depois. Se você é amante da cultura japonesa ou simplesmente gosta de um bom filmes de ação, Battle Royale é um filme que vai atender suas expectativas.
Mad Max 2: The Road Warrior – Austrália
Todos nós vimos o sucesso que foi o Mad Max: Estrada da Fúria, e que filme é aquele! Mas essa franquia já tem anos de estrada e tem muita gente que ainda não assistiu a trilogia clássica. Pois bem, os três primeiros filmes da série são produções australianas – George Miller é da terra dos cangurus- , e conta como o mundo entrou em colapso e chegou no estado que vimos em Estrada da Fúria. Estou indicando o segundo filme, pois o primeiro é um longa de pouquíssimo orçamento, o roteiro não é tão interessante, e é bem arrastado. Mas se você quiser conhecer o universo a fundo, vá lá e assista. Vale a pena ver Hugh Keays-Byrne que interpreta o Immortan Joe, como um vilão bem louco.
Se você procura ação e uma boa história, pode pular direto para Mad Max 2. Considerado o melhor filme dessa trilogia, The Road Warrior conta como o petróleo se esvaiu do mundo, como as cidades se tornaram caóticas e humanidade se perdeu em busca de gasolina. No meio disso tudo temos Max (Mel Gibson) que está sem rumo após as tragédias que aconteceram em seu passado, rodando em seu V8 e totalmente indiferente ao que está acontecendo ao seu redor.
[REC] – Espanha
Como disse no Sidequest dessa semana (confira aqui), um dos melhores filmes de terror que assisti nos últimos anos. Antes da franquia Atividade Paranormal e outros trocentos filmes usarem o recurso de câmera na mão, simulando acontecimentos reais, REC resgatou essa técnica popularizada com A Bruxa de Blair. O filme mostra Ángela Vidal (Manuela Velasco), uma jornalista que, juntamente com seu operador de câmera Pablo (Pablo Rosso), faz uma reportagem em um quartel do Corpo de Bombeiros, na intenção de mostrar o cotidiano desses profissionais. Mas a partir do que aparentemente seria uma saída noturna rotineira de resgate logo se transforma em um grande pesadelo. Presos em um edifício, a equipe de filmagens e os bombeiros enfrentam uma situação totalmente inesperada e letal.
A produção teve continuações bem fracas (recomendo somente REC 2) e um remake americano, o Quarentena – muito bem feito com uma história bem redonda. Se você quiser levar uns sustos, assim como os atores, que em algumas cenas não sabiam o que estava acontecendo de fato, assista.
Relatos Selvagens – Argetina
Nossos hermanos sabem dos paranauês da sétima arte e não é de hoje. Seis histórias de vingança, extremamente bem contadas, mostrando que o ser humano (já dizia o Coringa) só precisa ter um dia ruim para que ele vá até margem de sua moral e tome atitudes que qualquer um, num primeiro momento, condenaria veementemente.
O filme faz você refletir e muito provavelmente identificar-se com as personagens. E as histórias, por mais absurdas que possam parecer à primeira vista, não são nada mais do que o reflexo do que cada um de nós, em nosso íntimo, gostaria de fazer em determinados momentos de nossas vidas.
Oldboy – Coréia do Sul
Baseado no mangá de mesmo nome, Oldboy conta a história de Oh Dae-Su, que é sequestrado e acaba passando 15 anos em cárcere, assim como o espectador – você acompanha as mudanças do protagonista e acaba, assim como ele, sem entender como e por que ele foi libertado repentinamente.
O filme não é para qualquer um. Traz bastante violência, cenas de abuso sexual e mutilações. Então se você tem estômago fraco, prepare-se. Ainda assim o roteiro é muito bom e tem um final ainda mais estonteante. O filme é de 2003 e teve um reboot americano dirigido por Spike Lee e protagonizado por Josh Brolin, mas na minha opinião deixa muito a desejar.
A pele que habito – Espanha
Filme de 2011, após 21 anos sem trabalharem juntos, o diretor Pedro Almodóvar e o ator Antonio Banderas trazem as salas de cinema um suspense que vai te deixar no mínimo desconfortável ao assistir.
O brilhante cirurgião plástico Robert Ledgard (Banderas), atormentado pela morte de sua esposa após um acidente de carro que causou graves queimaduras, passa a obcecar-se pela criação de peles artificiais mais resistentes para seres humanos.
O enredo traz diversos enigmas que vão se resolvendo com o passar do filme, fazendo com que no último ato você esteja totalmente preso àquela história e querendo saber como um determinado personagem vai seguir dali em diante.
Jogos, trapaças e dois canos fumegantes – Reino Unido
Escrito e dirigido por Guy Ritchie, o longa mostra de maneira bem interessante o submundo do crime em Londres. Eddy, usando toda sua lábia, convence seus três velhos amigos a investirem toda economia guardada num jogo de cartas que é uma verdadeira moleza. Eddy é um ótimo jogador, mas cai numa armadilha e deixa a mesa devendo cinco vezes o que tinha. A partir daí ele tem uma semana para quitar a dívida, ou terá os dedos da mão cortados, um por um.
Quem gosta de filmes de ação com diálogos e empolgantes e cenas engraçada (típico de Tarantino), vai adorar esse filme. Uma curiosidade: essa é a estréia de Jason Statham no cinema. O ator já havia sido vendedor de rua, tal qual Bacon, seu personagem, e há quem diga que ele foi descoberto por Guy Ritchie enquanto vendia perfumes pelas ruas de Londres.
Metropolis – Alemanha
Seria impossível deixar esta obra de fora da lista. Um dos maiores filmes da história do cinema, Metropolis é com certeza o maior filme do cinema alemão. Produzido em 1927, o cineasta austríaco Fritz Lang conseguiu retratar com extrema fidedignidade o que viria ser a sociedade moderna. Desde o contexto físico, com grandes arranha-céus e vias expressas enfestadas de automóveis, até o cenário sócio-econômico onde grandes corporações dirigem o planeta, enquanto os ricos vivem abastadamente e o proletariado é a base reclusa e ignorada que faz as engrenagens do mundo girarem.
O filme foi tão marcante que Fritz Lang foi convidado pelo próprio Führer a ser o cineasta oficial do partido nazista, mas ele preferiu fugir para os EUA onde deu continuidade a sua carreira brilhante.
Espero que tenham gostado das indicações e também que possam assistir a todas. Se não gostou de alguma ou quer indicar mais filmes, comenta aqui embaixo no post. Vou fazer questão de trocar uma ideia com você. Nos vemos na próxima!