Minha sessão era 19:15.

Cheguei no cinema às 18:00, e o tempo não passava. Comprei pipoca, a entrada, refrigerante, e sentei em uma mesinha, para esperar o filme começar.

Em determinado momento, uma moça apareceu e perguntou se ela poderia “pousar” a Estrela da Morte dela em minha mesa, para amarrar o cadarço do sapato. Eu disse que sim, desde que ela tivesse cuidado. Convidei-a para sentar e conversamos um pouco. Ela já havia visto o filme na pré-estréia e estava lá para assistir de novo. No sábado, iria com o pai, novamente. Me contive para não perguntar nada sobre o enredo (embora infelizmente já soubesse algumas coisas) uma vez que, naquela manhã do dia 15, ao acordar e abrir o Facebook, a primeira coisa que me deparei foram spoilers e spoilers de gente que não tem o que fazer e que foi assistir na pré- estreia (a qual eu não pude ir porque iria trabalhar cedo, no dia seguinte).

Então, tomado de raiva e ansiedade – sinto muito pessoas a quem eu prometi que assistiria sábado, eu vou hoje, não posso esperar mais! – Assim que larguei do trabalho, voei para o cinema.

19:15.

Olhei para o relógio e ainda eram 18:25.

Esperei mais meia hora e quando olhei novamente, ainda eram 18:27.

Mas que droga!

A moça se despediu (a sessão dela começava mais cedo) e eu a vi partir para a fila que já se formava, com uma pontada de inveja.

Então, agora era só eu, a minha estrela da morte cheia de pipoca e os meus dois copos cheios de coca-cola que vinham na promoção do Cinepólis.

“Eu não vou dar conta de todo esse refrigerante” Pensei.  “É melhor dar pra alguém”.   Assim me pus a procurar alguém que quisesse aquele litro de coca-cola que eu não queria (e nem poderia) tomar. Achei um grupo de jovens que acharam muito estranho (pra não dizer incomum) um cara oferecer pra eles uma bebida que ele não queria, de graça. Depois que me toquei da bizarrice que estava tentando fazer (afinal, não se deve aceitar bebidas de estranhos, crianças) resolvi vender o refrigerante por um valor simbólico, só para não dizer que dei de graça e também para não perder 100% do valor.

Até que foi rápido, um casal que havia comprado coisas nas americanas o comprou porque não queria ficar na fila enorme da pipoca que já se estendia. Útil pra eles, prático pra mim.

Olhei no relógio. 18:40h.

“Eu não acredito, essa brincadeira toda levou só 13 minutos??!” Minhas mãos estavam geladas. Ouvi a música tema de onde eu tinha voltado a me sentar e vi pessoas saindo felizes do cinema.

Ah, não!

Peguei meu balde de pipoca, meu refrigerante, e me pus a andar em círculos.

A salvação foi um amigo de longa data da escola onde estudei.

Acabei encontrando-o acompanhado de sua esposa (“minha nossa senhora, casado já?!”) e ainda um esperando um bebê!

O nome do bebê será Aurea Beatriz (um nome lindo, diga-se de passagem, creio que nunca conheci alguém chamada assim) e Manning, começou bem já levando-a para assistir Star Wars antes mesmo de nascer, meu velho. Haha

Passado o tempo de conversas e atualizações, chegou a hora.

Sala aberta, podem entrar.

 Procuro meu lugar.

Sento.

Trailers.

 Já vi, já vi, já vi, parece que vai ser legal, e aí, a logo da Lucas Film aparece brilhando verde.

Prendo a respiração.

“Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante…”

Nada de logo. Nada da música do John Williams.

Não demora muito, sou apresentado à família Erso.

E o Império estava lá. Em sua totalidade.

Houve um tempo em que Star Wars não era  Star Wars.

Bom, explico. Aqui no Brasil  Star Wars  era conhecido como Guerra nas Estrelas. Sua “tradução literal”.

E o que isso tem a ver, Natan?!

Minha mãe tinha uma locadora de fitas vhs. Ela tinha as 3 fitas originais restauradas (a versão de 1997.) Eu nunca assisti, mas gostava do filme das espadas de luz.  Quando ela fechou a loja, eu separei algumas fitas pra mim. Eu deveria ter guardado as capas, eram muito bonitas… E o nome que havia nelas era: Guerra nas Estrelas.

Eu fico imaginando como deve ter sido para as pessoas que assistiram o primeiro Star Wars.

Como será assistir algo assim, a primeira vez?

Como será descobrir algo “novo”, nunca visto antes?

Que emoções a gente teria, vendo um filme desses?

Obtive a resposta dessas perguntas assistindo a essa nova Guerra. Nas estrelas.

Então, foi isso.

Essa é a definição perfeita do que eu senti vendo esse novo filme da franquia. Realmente senti que estava presenciando um momento de crise. Um conflito intergaláctico que, contra toda as probabilidades, não poderia ter resultados positivos.

E a urgência e o desespero retratados no filme me lembraram porque gosto tanto de Star Wars. Pessoas comuns, tentam dar o seu melhor para um bem maior, um bem comum em tempos que nada parece muito certo ou fácil.

E eu acho que essa é a principal mensagem. Bem… Pelo menos pra mim.

Mesmo que às vezes nada dê certo.

Sempre haverá

Uma Nova Esperança.