No dia 5 de dezembro o filme “O Tempo Passa”, da Artrupe Produções, chegou ao YouTube. No curta filmado em Manaus acompanhamos o cotidiano de Jhone, um garoto de 15 anos de idade que mora na Compensa, bairro da periferia. As suas relações com a mãe, amigos do futebol, vizinhos, seguem a normalidade do bairro. Tudo muda com a chegada de Ismael, o novo namorado de sua mãe.

Esse é o segundo trabalho de Diego Bauer como diretor. Conversei com o diretor que revelou um pouco mais sobre o filme e sua carreira. Aos interessados pelo curta, é bom lembrar que é recomendado para maiores de 18 anos.

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Eu comecei no teatro em 2009 como ator e permaneço até hoje. O cinema veio a partir de 2010, quando eu conheci os meninos da Artrupe e começamos a trabalhar junto com o audiovisual. “O Tempo Passa” é o meu segundo filme, em 2014 realizei “O que não te disse”, meu primeiro curta. No meio do caminho comecei a escrever crítica com meus amigos do Cine SET.

MN – Como foi realizar esse projeto?

DB – Gravamos o filme “O Tempo Passa” no finalzinho do ano passado. Foi a nossa produção com maior número de pessoas e curiosamente a com menos verba, nós tínhamos dinheiro muito apertado pra fazê-lo. Foi um processo bastante trabalhoso, mas ao mesmo tempo muito harmônico. A equipe estava muito atenta, muito interessada, muito afim de fazer o trabalho. Eu tive praticamente zero problemas. E olha que era um filme com várias locações, muito difícil temática e uma equipe grande. Eu acho que todo mundo se ajudou muito o tempo todo. É um processo cujas características quero levar para projetos futuros, com certeza.

MN – Como surgiu a ideia para realizar o curta? 

DB – A ideia do “O Tempo Passa” veio do argumento do Danilo Reis que foi aprovado no edital da prefeitura. Tivemos de modificar bastante esse argumento, modificamos a ideia porque percebemos que ela estava um pouco incompleta. Então eu escrevi o roteiro. Recebi um argumento e o alonguei bastante, trabalhei nele e modifiquei bastante coisa. Realizamos esse roteiro de uma maneira bem diferente, conversando bastante, fazendo pesquisa, conversando com assistente social, conversando com pessoas que já passaram por essa situação do abuso sexual na adolescência. Foi uma ideia que foi se modificando bastante com o tempo, o resultado final é bastante diferente do que era no início, mas a gente acredita que se tornou melhor, mais responsável, mais humanista e mais correto.

MN – É difícil realizar um projeto desses em Manaus?

DB – A temática é sempre difícil de fazer e trabalhar, porque eu acho que é um tabu ainda. Apesar de se falar bastante da questão da violência sexual, ainda é difícil se falar com densidade sobre isso. Como já citei, eu estava trabalhando com uma equipe bastante dedicada, bastante profissional e muito generosa. Então todos entenderam, todos concordaram com a temática, com a abordagem. Eu tive zero problemas com os atores, foi tudo muito tranquilo de se fazer.

O meu sonho é que esse trabalho fosse exibido na periferia, que foi onde ele surgiu, mas é difícil, a gente tem de contar com apoio, etc. E é difícil de imaginar. Não é difícil só em Manaus como no Brasil todo, aqui não é diferente.

MN – Existe algum outro futuro projeto em mente?

DB – Pra ano que vem a Artrupe foi selecionada no edital federal, temos de fazer uma série pro PRODAV, então já estamos envolvidos nessa. Estamos aguardando um outro edital da SEC, no qual podemos nos meter em um documentário. Logo no início do ano que vem nós vamos realizar um videoclipe, no momento é o projeto em que estamos mais envolvidos. Primeiro vai ser o videoclipe, depois a série. Já estamos trabalhando no videoclipe, vamos realizá-lo no início do ano que vem. É uma ideia em que acreditamos bastante. Já a série, fica só pra 2018 o resultado.