O Caso Rosswell, em que um Ovni haveria caído no Novo México (EUA) e teria sido capturado pelo exército, contando inclusive com supostos corpos de alienígenas, é um dos mais famosos da ufologia mundial, virando até parte da cultura pop. Mas aqui no Brasil pouca gente sabe que tivemos um caso ainda mais importante e muito melhor documentado. Não, não estou falando do ET de Varginha, e muito menos do ET Bilu, mas da Operação Prato, ocorrida na década de 70 no Pará.
Um parêntese: Quando eu era criança, por algum motivo morria de medo de alienígenas. O assunto me apavorava ao ponto de não conseguir olhar para o céu noturno com o binóculo do meu pai sem que ele estivesse ao meu lado, segurando meu ombro. Tive vários pesadelos, entre eles um que ainda é muito vívido: eu levantando para ir beber água na cozinha no meio da noite e, através da porta de vidro da casa, ver uma figura humanóide branca, baixa, de grandes olhos pretos, olhando pra dentro. Bem, ao menos eu digo pra mim mesmo que foi um sonho. Ainda assim, o assunto, apesar de me assustar, também me fascinava.
Não sou assinante da UFO, não assisto o History Channel e nem nada do tipo, então fiquei sabendo da Operação Prato através do Jurassicast, um podcast que escuto de vez em quando, e que publicou um episódio sobre o tema, tempos atrás. Desde então quis dividir com vocês. Talvez não seja bem um assunto Nerd, mas acho que, por séries como Arquivo X e outras obras, é algo que acaba despertando nosso interesse, não? A ideia aqui não é reunir o maior número de informações possível e muito menos provar nada, mas sim despertar a sua curiosidade pra essa história de arrepiar os pelinhos da nuca.
No final do ano de 1977, a população de Colares, pequena cidade litorânea do Pará, e outros municípios da região como Vigia de Nazaré, começou a relatar às autoridades um estranho fenômeno. Vários moradores estavam sendo abordados por poderosos feixes de luz que causavam queimaduras e perfurações na pele, desmaios e até a morte. As vítimas sobreviventes relatavam que o a sensação era de que seu sangue ou sua energia estava sendo sugada. Daí o nome que o fenômeno ganhou na região: Chupa-Chupa.
Inicialmente, não houve interesse por parte das autoridades nacionais, como relata um trecho de um documento oficial da Força Aérea Brasileira, um dos poucos liberados: “No litoral paraense vive uma população subnutrida, de reduzido grau de instrução, e sobretudo mística. As estórias que se contam, de fatos que se passam no meio dessa gente, seriam dignas de figurar em qualquer folclore. Em razão disso, não foi dada maior atenção ao fato”.
Mas as ocorrências começaram a ficar intensas e, com a população em pânico, o prefeito de Vigia de Nazaré encaminhou um ofício ao Comando Aéreo Regional. Essa e outras solicitações acabaram convencendo a FAB a iniciar uma operação especial, em setembro de 1977, que tinha como missão descobrir a natureza do fenômeno e acalmar e instruir a população sobre os fatos.
Parte de um dos relatórios vazados.
Sem saber o que encontrar, os militares montaram uma base na praia de Humaitá, na esperança de registrar o aparecimento do fenômeno. Além disso, iniciaram uma série de entrevistas às vítimas e testemunhas de toda a região. Durante a operação, os militares viram e registraram em fotografia e relatórios detalhados diversas aparições de objetos luminosos sobrevoando a região. Algumas vezes, os avistamentos de OVNIS eram seguidos por moradores precisando de atendimento médico, queixando-se do ataque do Chupa-Chupa.
Como a operação se arrastou por meses sem que os militares conseguissem identificar a origem do fenômeno, o comando acabou sendo trocado, passando para o Capitão Uyrangê Hollanda, que chegou com a intenção de tirar essa história toda a limpo. Mas foi logo no comando dele que o negócio começou a ficar feio.
Em uma das suas primeiras noites no comando, uma luz intensa surgiu sobre o acampamento, circundando-o e depois sumindo. Isso já serviu pra deixar o capitão Hollanda cabreiro, mas foi só o começo. Ele conta que em uma noite ele viu um disco preto enorme, com cerca de 30 metros de diâmetro, a não mais de 150 metros de altura, diretamente acima dele e de outros, fazendo som de motor funcionando, como de um ar-condicionado, que emitiu uma luz amarela muito forte, clareando o chão. A luz diminuia e intensificava em intervalos curtos, tendo feito isso 5 vezes. Os militares registraram, durante a operação, a presença de Ovnis gigantescos, que executavam manobras que destruiriam qualquer aeronave conhecida. Segundo Hollanda , “seriam maiores que um prédio de trinta andares em seu comprimento e emitiam luzes de várias cores”.
Algumas das fotografias da Operação Prato.
O capitão Hollanda conta que um dos momentos mais sinistros da operação foi quando eles foram investigar o relato de um rapaz que supostamente teria feito contato com os alienígenas. Segundo ele, o rapaz estava caçando uma paca, quando surgiu de cima das árvores um objeto intensamente iluminado. Do objeto abriu-se uma escotilha e por ela saiu um estranho ser que, através de um facho de luz, desceu flutuando, de braços abertos. Assustado, o rapaz se escondeu no mato. O estranho ser dirigiu-se até a rede onde o caçador estivera e, com um feixe de luz vermelho que saía da palma de sua mão, iluminou o local, examinando-o. Repentinamente o estranho ser dirigiu-se diretamente para onde o rapaz estava escondido. O rapaz fugiu correndo para o barco ancorado no rio, onde haviam dois colegas, que abandonaram a embarcação, escondendo-se em meio às plantas aquáticas, de onde observaram o objeto se aproximar do barco, posicionando-se sobre ele. Do objeto saiu o mesmo ser, que começou a examinar o que havia a bordo, e depois foi embora.
No dia seguinte, o caso chegou ao conhecimento do Capitão Hollanda, que foi com uma equipe até o local. No caminho ele observou um grande objeto, voando muito baixo, com uma luz verde e outra vermelha, fazendo barulho de turbina, que pairou em frente ao grupo por um tempo. Chegando ao local onde o rapaz avistou o ser alienígena, após esperar várias horas, eles viram uma luz amarela muito forte cruzando o rio, também voando muito baixo. Tudo foi filmado. Em determinado momento, ele viu a mesma luz se aproximando deles e, quando chegou perto, apagou. Nesse momento, ele viu que o objeto era translúcido e tinha o formato de uma bola de futebol americano, com algo que pareciam ser janelas. O objeto passou devagar bem próximo a eles, e após um bom tempo os encarando, a luz começou a brilhar azul, por cerca de 3 minutos, até apagar. Quando a luz apagou, eles viram que a “bola de futebol americano”, de cerca de 100 metros de altura, estava em pé (na vertical), na frente deles, do outro lado do rio. Uma pequena porta abriu em sua parte superior e através dela uma criatura saiu. Vestida com o que parecia ser um macacão e capacete brancos, o ser desceu flutuando e se posicionou à frente dos homens, atônitos. “Parecia que aquela criatura queria que o víssemos e soubéssemos que ele sabia das nossas atividades no local”, disse Hollanda à revista UFO.
A operação foi encerrada após 4 meses de atividades, onde a Aeronáutica obteve mais de 500 fotografias de OVNIS, cerca de 16 horas de filmes 8 mm e 16 mm e centenas de depoimentos de testemunhas e vítimas, que formavam um relatório de mais de 2 mil páginas. Mas todo o caso foi tratado como sigiloso e poucas evidências foram liberadas. Confira abaixo algumas páginas do relatório:
O Fim da Operação Prato e de Uyrangê Hollanda
Mais de 20 anos após a operação, o então Coronel Uyrangê Hollanda resolveu abrir a boca. Procurou, em 1997, o editor da revista UFO e, através dele, deu entrevista também à Rede Globo (Fantástico) e à Rede Manchete, para falar tudo o que sabia sobre a operação. Menos de um mês depois, Uyrangê foi encontrado morto em seu quarto, onde teria se suicidado. Esquisito, não?
Em 2013, as Forças Armadas prometeram liberar todos os documentos envolvendo a Operação Prato, o que deixou a comunidade ufológica em polvorosa. Mas no ano seguinte, voltaram atrás, dizendo que tudo que havia já tinha sido mostrado.
Ficou curioso? Bem, os ufólogos calculam que apenas 20% dos registros estão disponíveis, mas mesmo assim já é coisa pra caramba. Você mesmo pode encontrar vários deles fazendo uma busca empenhada pela internet, inclusive a entrevista completa do coronel Hollanda à Revista UFO, onde ele fala até de um contato físico com um alienígena, em sua própria casa. Tire suas próprias conclusões e depois comente com a gente.
Se a verdade está lá fora, será que algum dia vamos encontrá-la?