No último 07 de setembro Apple e Sony realizaram suas tradicionais apresentações (Apple Keynote e Playstation Meeting, respectivamente). Certamente ambas as empresas escolheram esta data especificamente para que nós brasileiros pudéssemos assistir aos eventos ao vivo por streaming no feriado (só que não).
Brincadeiras à parte, foram 2 eventos onde foram apresentados novos hardwares. Na apresentação da Sony, foram apresentados oficialmente pela primeira vez os novos Playstation 4 Slim e Playstation 4 Pro (disse oficialmente, pois já tinha vazado quase tudo semanas antes).
No caso do PS4 Slim, tudo parecia OK, mas a Sony não fez nenhuma menção ao fato de, simplesmente, terem suprimido a saída óptica (Toslink SPDIF digital). Concordo que não fará falta para a maior parte do público, mas retirar opções nunca é algo bom, e sempre tem alguém que se importa com isso (eu, particularmente, me importo). Com este novo modelo, não será possível utilizar Home Theaters mais antigos adequadamente, e jogos como Rocksmith serão prejudicados pois a saída HDMI produz um Lag considerável no áudio em relação a saída óptica, além de outras particularidades. Sei que estou falando de situações específicas e de nicho restrito, mas não deixa de ser um downgrade.
Isso me fez lembrar de como a Sony pratica este downgrade a cada nova versão de seus equipamentos. Entre o primeiro modelo de PS3 e o último, foram retirados a compatibilidade nativa com jogos de PS2, leitores de múltiplos flashcards, reduziram a quantidade de portas USB, botões touch foram substituídos por botões físicos, quantidade de LEDs indicativos foram reduzidos, bandeja motorizada foi substituída por outra mais simples e apenas deslizante, suporte a Linux foi removido, entre outros fatores que posso não me lembrar no momento. Houveram algumas melhorias também, e redução de preços, mas quase sempre que algo é acrescentado, outro item é extinguido.
Estamos em uma era onde, além da indústria praticar a obsolescência programada de forma cada vez mais intensa, também não tem vergonha de praticar alguns downgrades “marotos”. E claro, na maioria das vezes, sem esclarecer o fato de forma aberta.
Para quem não está familizarizado com estes termos, obsolescência programada, segundo a Wikipédia, “é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar e distribuir um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto”. E complementando, downgrade, também segundo a Wikipédia, “caracteriza-se por retornar um hardware ou software à um ponto anterior”.
Neste mesmo dia, tivemos o anúncio oficial do novo Iphone 7. Não podemos negar que é uma peça de hardware fenomenal (não vou entrar no mérito do preço), mas desta vez, a entrada P2 para fones de ouvido tradicionais foi retirada. Agora só existe a entrada proprietária da Apple, a mesma onde se conecta o carregador. O CEO explicou os motivos no palco da apresentação e, apesar de ter argumentos válidos, não muda o fato de que a Apple está reduzindo as opções de seus consumidores, que deveriam poder escolher o que usar, onde e quando. Como será possível utilizar o fone e carregar o aparelho simultaneamente, Apple?
Recentemente, troquei meu Moto G2 velho de guerra pelo novíssimo Moto G4 Plus. É um excelente celular, e é melhor que a versão G2 em tudo. Na verdade, em quase tudo. A Lenovo não deixou claro em suas propagandas que a nova versão não tem mais bússola. Com isso, a utilização do GPS fica mais limitada, alguns aplicativos de astronomia simplesmente não podem mais ser utilizados, entre outras funcionalidades específicas (até Pokemon Go sofre um pouco com isso). Também é um ponto bem específico e de nicho, a maioria das pessoas nem vai saber que seu aparelho não tem este recurso, mas ele deveria estar lá. Além da obsolescência programada ter funcionado (meu celular era super rápido há 2 anos, atualmente estava uma carroça), sorrateiramente retiraram funcionalidades ao invés de manter tudo e apenas melhorar. Foi um upgrade com um leve gostinho de downgrade.
O PS4 Pro, que se diz “preparado” para o 4K, estréia sem um leitor de Blu-ray compatível com Blu-rays 4K. Já temos um gancho para a obsolescência, quando um novo modelo for anunciado no futuro com esta funcionalidade. E claro, devem retirar algo também, só para não perderem o costume.
Espero que no futuro, o Playstation 5 tenha ao menos 1 porta USB, e que meu novíssimo Moto G7 ainda faça chamadas de voz.
Imagens: Divulgação.
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