Ajuricaba é um nome relativamente comum de ser visto em Manaus, seja para nome de ruas, escolas, hospitais, lanchonete e até tabacarias, mas o que poucos sabem responder é: “Quem é esse tal de Ajuricaba?”.     

Uma resposta e uma oportunidade

O ilustrador Ademar Vieira, da Black Eye Comic Studio encontrou a resposta durante uma pesquisa de referências para uma história em quadrinhos.

“Eu estava pesquisando para a HQ ‘Keopac’ (uma ficção científica indígena durante a Amazônia pré-colombiana), quando comecei a ler alguns livros abordando as etnias indígenas e me deparei com a história de Ajuricaba, o líder da nação indígena dos Manaós, que com sua resistência anticolonialista e estratégias de guerra conseguiu impedir o acesso dos portugueses ao médio e alto Rio Negro por cinco anos”, explicou Ademar Vieira.        

Admirado com os feitos do líder dos Manaós, o ilustrador, em parceria com o desenhista Jucylande Jr, decidiu criar um projeto de uma HQ acerca do herói e inscrevê-lo no edital do Conexões Culturais 2018 da Manauscult. O projeto foi aprovado.

“A aprovação foi o incentivo que precisamos para tocar esse projeto. Com a quantia recebida da Manauscult será possível cobrir a maior parte das despesas, porém, tentaremos conseguir outras fontes de financiamento também para que possamos ficar tranquilos com relação a isso”, contou.

Renascimento de um herói

Atualmente em fase de elaboração do roteiro e dos concepts (arte conceitual); a graphic novel adotará o estilo “ficção delineada pelos registros históricos”, tanto por carência de registros da época, quanto por recursos narrativos.

“Mesmo tendo pesquisado profundamente, quando fechei a cronologia dos fatos históricos e sobre os aspectos antropológicos, percebi que a história ficaria muito incompleta; o estilo que adotamos permite fechar essas lacunas e adotar alguns recursos de roteiros para que o leitor encontre uma identificação maior com o herói ao ler a HQ, respondendo coisas como ‘Quais eram as paixões de Ajuricaba?’, ‘Ele tinha esposa?’, ‘Amava seu filho?’, ‘Era leal aos seus amigos?’”, explicou Ademar. “Tudo isso será importante para a escalada emocional da história”, disse.  

Diferente dos traços nas páginas enviadas para o Conexões Culturais 2018, a obra final adotará estilo mais cartunesco. “Nos designs do projeto fizemos uma versão realista demais, porém para a graphic novel vamos usar um traço mais cartunizado para que o leitor não se canse, já que serão 110 páginas”, revelou. “Faremos de tudo para a obra ser colorida, mas o preto e branco será o nosso plano B”, concluiu. Tieê Santos, que ilustrou Sete Cores da Amazônia, ficará encarregado da Arte-Final.

A previsão é de que a HQ fique pronta para o lançamento até março de 2020.