Em seu segundo jogo, o estúdio amazonense PxlSquad une uma jogabilidade simples e um estilo bastante colorido à uma trilha sonora dedicada toda ao estilo Blues e deu nascimento ao viciante jogo “RGBlues”.

No jogo, você é um guitarrista de blues que deve controlar uma linha da guitarra para que ela acerte o alvo no momento exato. Para isso, é necessário escolher entre três cores especificas: vermelho (Red), verde (Green) e azul (Blue), ou seja, RGB, abreviação em inglês das três cores primárias, que virou trocadilho para o nome do jogo.

Global Game Jam na criação

O “RGBlues” foi todo desenvolvido na Global Game Jam deste ano pelo designer Rafael Lima e pelo desenvolvedor Bruno Araújo, que buscando fugir de temas clichês relacionados a ondas (tema do GGJ 2017), abordaram por algo mais abstrato. “Nós já sabíamos que nosso jogo teria que ser bem interessante, para compensar a simplicidade dele, então fomos nesta abordagem diferente; trabalhando em cima de um jogo que juntava tipos diversos de ondas: senóides + ondas sonoras + cores (que são relacionadas à frequência de vibração da onda luminosa)”, lembrou.

Entra o Blues

De acordo com Rafael, o estilo Blues foi adotado no jogo devido a sua versatilidade sonora que vai desde riffs mais pesados até os clássicos ritmados da música negra americana. “Sempre gostamos de jogos com trilhas sonoras enérgicas e cativantes como os antigos Donkey Kong Country e Mega Man e a versatilidade do Blues permitia o que queríamos no jogo devido à liberdade artística do estilo”, relatou.

O jogo contou com criações originais do produtor, músico e guitarrista da banda Jarakillers, Carlos Mota, que foi convidado para parte do projeto. “Ficamos muito honrados de contar com as criações dele, de forma que ele teve toda a liberdade possível para o desenvolvimento musical e o resultado foi satisfatório para todos nós”, disse.

Trabalhando com as cores

O uso das cores é um ponto forte no “RGBlues”; a forma com que cada elemento afeta os jogadores foi feita com bastante cuidado pelos criadores. “Nós valorizamos muito a semiótica, então buscamos sempre deixar o jogo mais amigável visualmente, expressando um pouco da intuitividade de nossas mecânicas através do visual e as cores ajudam muito nisso, além, é claro, de refletirem um pouco da pegada enérgica e dinâmica de nossos produtos”, relatou. “Temos o discurso de ‘o necessário é o suficiente’”, completou.

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Lendas indígenas

As cores são também bastante trabalhadas no primeiro jogo do estúdio, “Kuarup”, um puzzle regionalista de cores vibrantes. No jogo, você deve realizar diversos rituais, que são baseados em lendas indígenas, conforme realiza os puzzles.

“O jogo possui cores vibrantes que não se prendem unicamente ao verde, linhas e padrões, mas sim, caminham no limite entre misticismo indígena e representações astrológicas, fatias da narrativa entregues aos poucos conforme o jogador avança e até mesmo o sentido da progressão, que está alinhado a estética da movimentação dos índios no ritual original, traduzem a maneira com que tentamos criar um produto regional”, contou Rafael.

“Kuarup” nasceu da experiência pessoal do designer que se encantou pelo ritual de homenagem aos mortos. “Eu moro em Manaus há quase 10 anos e sou honestamente apaixonado pela pluralidade desse lugar, mas sempre fui contra a maneira óbvia que comunicamos nossa história e talvez esse foi um fator para eu nunca ter criado nada com temáticas regionais. Isso foi até eu conhecer a Lenda do Quarup e perceber nele uma boa aventura”, disse.

A Lenda do Quarup é o ritual de homenagem aos mortos ilustres celebrado pelos povos indígenas da região do Xingu e foi transformada em narrativa pelo escritor Marcos Johnson.  

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Curva de dificuldade

Ambos os jogos são incrivelmente desafiadores e imersivos, graças as suas mecânicas de dificuldades. “Somos bastante dedicados em mecânicas e interação e, apesar de não podemos dedicar nosso esforço produtivo ao estúdio, tentamos fazer com que o número pequeno de níveis dos nossos jogos possua uma curva de dificuldade acentuada na qual o jogador, mesmo sem perceber, se encontre bastante desafiado a continuar o progresso e dedique um tempo maior do que percebe em busca desse objetivo”, contou.

E infelizmente os fãs do estúdio ficarão com as fases pequenas por mais um tempo. De acordo com Rafael, cada pessoa no PxlSquad está envolvida em diversos programas, de forma que a equipe prefere adotar caminhos mais sólidos e reais para produção.

“Achamos que este tipo de caminho é melhor que acabar anos enrolados com grandes projetos que podem nunca sair de um estado de ‘work in progress’; nossos projetos antigos já passaram por isso e foi bastante frustrante”, disse. “É claro que vamos chegar em um nível de jogos maiores e mais complexos, mas queremos aprender bastante com os erros desses pequenos projetos até lá”, concluiu.

Onde baixar

Tanto o “RGBlues” quanto o “Kuarup” estão disponíveis no Google Play e os criadores já têm planos para lançar os dois jogos também na Appstore. “A ideia principal é aproveitar o momento do lançamento de nosso próximo título mobile para não só fincar os pés nas duas lojas, como também para trazer tudo que está hoje no Android para o Universo Apple.”

Novo jogo do estúdio

A equipe da PxlSquad já está com um novo projeto em andamento e quer lançar algo no segundo semestre deste ano. “Estamos querendo explorar novos cenários que incluem jogos em 3D, e também começar a botar a mão na massa com jogos físicos como card games e tudo mais. Existem protótipos em andamento para a definição dos próximos passos e um calendário bem rígido a ser seguido até o meio deste ano”, relatou. “Este jogo vai ter um escopo maior que tudo que já fizemos”, concluiu.

Sobre o estúdio

O PxlSquad é um estúdio amazonense de jogos indie criado pelo designer Rafael Lima, pelo desenvolvedor Bruno Araújo e pelo QA Edson “Presto” Corrêa buscando o aprendizado de novas tecnologias, técnicas e aplicação de ideias.

“O caminho para a criação de um estúdio foi apenas o fluxo natural dessa nossa prática, novas pessoas são sempre convidadas a interagir em meio aos jogos e a equipe sempre se adapta de acordo com as necessidades do projeto, mas o objetivo é sempre o mesmo: fazer jogos divertidos que gostaríamos de jogar e compartilhá-los com todos que possuem essa mesma paixão”, falou Rafael Lima.

É possível conhecer mais sobre o estúdio pelo Instragram ou pelo Youtube.