A vida toca a gente do mesmo modo que tocamos a vida. O mundo lá fora é imenso e, começando por Manaus, é belo demais. Para o morador da cidade, o filme se desenvolve em uma sensação de familiaridade ao reconhecer pontos locais e um pouco de tristeza ao ver que alguns locais são difíceis de serem reconhecidos, mostrando aí a grandeza única do Amazonas ligada por nossas estradas.

Sem muito dinheiro no bolso e com o pé na estrada, Rafael traz no filme um grupo de amigos que viajam para a melhor festa de Manaus. Começando com um pequeno diálogo (chegando a ser um dos únicos do curta) dizendo que conhecer pessoas é uma chance de conhecer a nós mesmos, trocando depois por uma cena onde dois dos protagonistas se conhecem na praia da Ponta Negra e então a road trip tem seu início.

Como revelou para o Mapingua Nerd (link aqui), Rafael se inspirou na geração beat para realizar esse filme. Temos a presença de um homem nu e mascarado que pode ali mostrar toda a imaginação dos protagonistas em cenas que não são desconexas. Talvez a cena que mais foge da proposta do filme é a da vendedora no meio da estrada, mesmo assim sendo a mais engraçada do curta inteiro, chegando a lembrar as típicas mães manauaras com todas suas gírias que são tão comuns para quem vive aqui.

Ao chegarem na melhor festa de Manaus, a fotografia de César Nogueira ganha destaque, e a câmera tremula ainda mais entrando em êxtase com todos os sentimentos envolvidos na tela, tendo como plano de fundo a banda Luneta Mágica. A festa segue e termina trazendo os personagens de volta à Manaus, cruzando a Ponte Rio Negro. A beleza ao decorrer da estrada é algo fundamental no filme. As ruas sem tráfego, paisagens abandonadas, as mais belas árvores e até mesmo, ao fundo, a Ponte Rio Negro ganhando forma enquanto a felicidade se estampa no sorriso dos jovens.

Ao final do filme percebemos a praia da Ponta Negra e um muro, que foram mostrados anteriormente, marcados pela passagem dos jovens. Os personagens, já propriamente vestidos, mostram o início de um dia rotineiro, no qual o ordinário toma conta, trazendo na cabeça as memórias de uma viagem simples de coração.

Em uma viagem do nada para lugar algum, o filme de Rafael Ramos mostra para quê o filme veio, tendo assim um de seus poucos defeitos: a duração, pois 15 minutos passam rápido demais ao decorrer de várias belas imagens mostradas na tela.

Nota: 3,5 Mapinguas

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Pra quem se interessou, segue o curta: