Vamos ser sinceros: a ciência não tem muito espaço no Brasil, que dirá no Amazonas, sendo frequentes os cortes de bolsas de estudos ou atraso nos pagamentos. Logo, não é muito de se estranhar a decisão de um grupo de cientistas da Ufam de realizar um crowdfunding para participar de uma importante competição internacional na área da genética e, com isto, dar uma visibilidade ainda maior ao trabalho naquilo que eles mais amam: a ciência.

A equipe, já formada há quatro anos por estudantes de Graduação e Pós-graduação da faculdade de Biologia da Ufam, utiliza a Biologia Sintética como fonte de tecnologias inovadoras.

Foto: Equipe junto dos orientadores; professores Dr. Carlos Gustavo Nunes e Dr. Spartaco Astolfi Filho (ao fundo)

O fundo arrecadado será destinado para estadia no iGEM (International Genetically Engineered Machine), ou “Competição Internacional de Máquinas Geneticamente Modificadas”, na qual a equipe já conquistou três medalhas aos longos dos anos: bronze em 2013, ouro em 2014 e prata em 2016.

Em 2017, o evento será no Estados Unidos, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston (Massachusetts), sendo que todas as equipes terão que arcar do próprio bolso com as taxas de inscrição, despesas de viagem e acomodações de cada membro, (e o valor atual do dólar não ajuda em nada), entrando aí a arrecadação online.

O crowdfunding está acontecendo no site Kickante; os valores da contribuição vão de R$20 até mil reais e todos possuem uma recompensa de contribuição. A meta da campanha é chegar a R$20 mil e tem como prazo terminar no dia 30 de julho.

Editando o DNA

A equipe atualmente estuda a ferramenta “CRISPR” que permite cortes precisos em sequências do DNA que condicionam genes defeituosos. “Esse tipo de ferramenta pode ser utilizada em qualquer tipo de célula, principalmente em mamíferos. Com a ‘CRISPR’ pode-se começar a pensar em tratar doenças como o câncer”, contou um membro da equipe.

Porém para iGEM, os cientistas da Ufam estão modificando e fazendo ajustes no sistema “CRISPR/Cas9” para se tornar mais fácil, rápida e padronizado o trabalho com a técnica. “No caso, estamos modificando e fazendo ajustes a ‘base’, que já existe descrita por diversos cientistas, que seria o ‘manequim’ e depois vamos poder vestir este manequim da maneira mais fashion que quisermos”, explicou.   

O membro explicou ainda que este vetor será disponibilizado para a comunidade científica, para eles poderem editar o DNA e inserir outras sequências para fazerem suas pesquisas. “Isto tudo mostrará que também temos ciência de ponta em desenvolvimento ao lado dos grandes institutos do mundo, dando assim visibilidade aos trabalhos desenvolvidos pelo Amazonas e o Brasil todo”, contou.

Para conhecer mais sobre a equipe, acesse o Facebook “Manaus no iGEM” ou o site do Kickante.