O mercado nacional dos RPGs de mesa está, depois de muito tempo, reencontrando seu auge. Há pelo menos cinco anos, editoras e estúdios independentes têm investido em publicar material autoral. E dando continuidade à sequência de posts nesta coluna a respeito do uso do folclore nas mesas de RPG, hoje lhes trago um breve comentário sobre a adaptação do romance A Bandeira do Elefante e da Arara para o mundo dos jogos analógicos.

Quem não conhece a obra, pode conferir aqui uma entrevista que realizei com o autor. Em resumo, o jogo traz a mesma proposta do livro: aventuras ambientadas em um Brasil fantástico onde as lendas são vivas e influentes. Tive o prazer de participar da versão beta e acompanhar de perto os testes (que encerram no próximo mês) e a evolução do produto que estará disponível ao público ainda este ano.

O sistema já me impressionou pela ousadia de Christopher em construir algo do zero. A mecânica é baseada em habilidades específicas que garantem personagens mais customizáveis e únicos. É algo bem diferente para quem está acostumado com variantes do sistema D20, mas não será tão difícil de pegar a manha da coisa para quem jogou algo como Guerra dos Tronos RPG. Não é preciso muito para jogá-lo, um trio de D6 (aqueles dados comuns mesmo) e conhecimento do sistema (que se baseia na rolagem de 3d6 e soma de algum bônus) já proporciona uma boa experiência de jogo. Garanto a vocês que as regras não serão nenhum bicho de sete cabeças e elas evoluíram bastante desde a sua primeira versão.

Para além das mecânicas, o cenário é profundo e rico em possibilidades. O autor descreve bem a presença dos povos nativos e dos estrangeiros (o que expande a possibilidade de personagens diferentes), como também a fauna (real e fantástica) e flora deste lugar o qual vulgarmente chamamos de Brasil. O livro será repleto de ilustrações coloridas, como as que preenchem esta matéria, e o autor nos concedeu mais duas exclusivas (nem a galera do beta viu essas) para mostrarmos pra vocês:

Cássio Yoshiyaki e Ernanda Souza fizeram estas ilustrações maravilhosas. A equipe ainda conta com outros grandes talentos como SulaMoon na direção de arte e Douglas Quinta Reis (um nome forte na Devir) como editor geral. Eu, particularmente, tenho feito o possível para apoiar o RPG nacional e fazer minha parte para que ele cresça. Minha participação no beta deste em particular foi uma experiência sem igual que me rendeu várias conversas com o Chris, que sempre esteve disposto a ouvir minhas sugestões e acabou usando boa parte delas. Por fim, posso dizer que terei muito orgulho por este RPG estar garantido em minha prateleira.