Então, estou terminando a faculdade (de Design) e acontece que neste último semestre eu tava precisando de algumas matérias optativas pra fechar minha carga horária. Resolvi me aventurar por outros cursos e achei uma disciplina interessante na grade curricular de Artes Visuais. Quando me matriculei em Xilogravura sabia que ia ser meio hard, mas não contava com tantos calos nas mãos e uma cicatriz da hora na ponta do dedo. O fato é que foi uma experiência bem válida, sangrenta e interessante, que me fez gostar ainda mais do curso de Artes.

Xilogravura é a arte de gravar desenhos em madeira com um instrumento chamado goiva. A técnica tem origem chinesa e consiste em entalhar o desenho em uma matriz de madeira deixando em relevo a parte que vai ser impressa (“carimbada” por meio de uma prensa) no papel.  A ideia é que a imagem gravada seja impressa várias vezes, compondo uma tiragem. Depois disso, a maioria dos artistas costuma destruir a matriz pra evitar plágios. Quando a tiragem é fechada, o artista assina à lápis abaixo da impressão e as peças são comercializadas de acordo com a qualidade da impressão.

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A xilogravura é muito popular no Nordeste e é de lá que vêm grandes artistas brasileiros populares na área, como J. Borges. Era uma técnica frequentemente utilizada para ilustrar textos de literatura de cordel, que já possui traços mais característicos e particulares. Lembra daquela novela Cordel Encantado? Pois é.

Como exemplos de artistas amazonenses, tem o Otoni Mesquita e o Mário Silva (que foi meu professor). Um artista que é referência no Brasil em xilogravura é o Rubem Grilo. As gravuras dele são bem detalhadas e complexas. É um trabalho muito, muito bom. Ele grava desde matrizes grandes até aquelas bem pequenininhas, quase impossíveis de se trabalhar. Segue aí um vídeo pra vocês verem melhor o que o cara sabe fazer.

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Não cheguei nem perto de alcançar esse nível esse semestre, mas diria que consegui fazer umas coisas bem legais. Um colega de turma, o Luiz Henrique (que, btw, tá matador nesse #inktober, vocês deviam ver os trabalhos dele no instagram – @luizsymbian –  tá destruidor) concordou em mostrar uns trabalhos dele também. Segue aí a nossa produção (primeiro a minha e depois a dele, porque sim).

uli

luiz

Quando a disciplina acabou, decidi não destruir as matrizes (porque deu trabalho e eu fiquei com pena) e, ao invés disso, decidi pendurá-las na parede do quarto como se fossem quadros e orar pra que ninguém as roube (essa última parte é brincadeira, óbvio).

Enfim, foi um período bem desafiador, mas bastante gratificante. Consegui uma nota boa, horas no meu histórico e uma cicatriz legal na ponta do dedo, além de uma ótima experiência em um curso diferente do meu e em contato com técnicas artísticas bem legais e pessoas da hora.

E aí, o que acharam? Já conheciam a técnica? Tentariam em casa?