O movimento cosplay aumentou muito sua influência na última década, tanto nacional quanto regionalmente. Eventos sobre o universo cosplayer têm ganhado cada vez mais reconhecimento, e Manaus não fica para trás: a Tia Sol, idosa cosplayer, já saiu em vários sites nacionais. Mas nem só de Tia Sol vive o cosplay manauara!

Mariana Oliveira, nascida e criada em Manaus, acaba de representar a Holanda em uma etapa da YCC (Yamato Cosplay Cup International 2017). Ficou curioso? O Mapingua Nerd fez uma entrevista com Mariana na qual ela fala sobre sua história, seu caminho como representante da Holanda e o futuro que vê para a prática do cosplay!

Veja abaixo a performance de Mariana como Princesa Peach, do jogo Super Mario Maker, na YCC 2017.

 

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MN: Quando você começou a gostar de fazer cosplay?

MO: Por volta de 2005. Eu li uma matéria a respeito do hobby em um site e logo me surgiu o interesse em experimentar fazer um cosplay também. Eu tinha, na época, uma amiga que também se interessou muito, então fizemos cosplays juntas para o mesmo evento, que foi o primeiro de Manaus, o Bakudan de 2005.

MN: Qual foi o seu primeiro cosplay?

MO: Meu primeiro cosplay foi da Lust, da série animada japonesa Fullmetal Alchemist. Na verdade ela não era minha personagem preferida da série, mas eu também achava que seria estranho me vestir como o personagem principal, que era o meu favorito, pois ele é do gênero oposto ao meu, então minha amiga acabou se vestindo dele ao invés de mim.

MN: Qual sensação você tem ao experimentar uma caracterização finalizada?

MO: Nossa, é uma sensação muito satisfatória! Hoje em dia eu costumo fazer realmente tudo sozinha, incluindo a costura (e essa é uma parte que detesto fazer, hehe), então quando consigo experimentar o cosplay completo, sinto bastante orgulho e também alívio de ver tudo pronto e funcionando.

MN: Como você escolhe os personagens que vai representar?

MO: Eu escolho eles porque realmente amo tanto o personagem quanto a série, e sinto uma vontade enorme de ver como tal personagem ficaria se fosse real. Levo também muito em consideração se as características físicas dos personagens batem com as minhas e, também, a complexidade do mesmo, se realmente gosto dele o suficiente para trabalhar num cosplay completo, pois tudo isso envolve gastos, tempo e bastante esforço até estar pronto.

MN: Tem algum que você considera que tenha sido ruim? E qual você considera o melhor?

MO: Meu primeiro cosplay mencionado anteriormente, de Lust, foi pra mim um verdadeiro desastre, haha. A personagem em si é bastante madura, com um corpo sedutor e cheio de curvas. Na época eu tinha apenas 16 anos e um corpo com quase nenhuma curva, então dá pra imaginar o resultado!
Já meu melhor cosplay, ou cosplays, no caso, eu diria que são os personagens que já fiz da série de videogame The Legend of Zelda. Comecei com o personagem principal, o Link, e desde lá fiz diversas versões do mesmo, inclusive uma personagem secundária, a Impa, que bastante gente diz ser meu melhor cosplay, pois fiquei bastante diferente nele.

MN: Como você acabou representando a Holanda?

MO: Falando em the Legend of Zelda, eu acabei representando a Holanda vestida do personagem Link, na versão jovem de Majora’s Mask. Eu moro aqui na Holanda há 5 anos e sempre tive vontade de participar de um concurso grande de cosplay como fiz algumas vezes no Brasil, então decidi ano passado me inscrever pro Yamato Cosplay Cup, que me daria a vaga da final para o Brasil caso ganhasse na Holanda, o que seria incrível, pois poderia ir a um evento brasileiro novamente e também conhecer algumas pessoas que me seguem nas redes sociais.

Pra ser bem sincera, eu não esperava vencer, pois os cosplayers daqui da Holanda são muito talentosos e geralmente trabalham com personagens bem complexos de se fazer, e o personagem Link é relativamente simples de se trabalhar. Foi uma enorme surpresa vencer e representar um país diferente do meu na minha própria terra!

MN: Você acha que o cosplay deve ser uma prática mais valorizada e estimulada, tanto no Amazonas quanto no âmbito nacional? Por quê?

MO: Certamente, porém eu creio que o hobby em si já anda bem valorizado graças também a internet, crescendo e mudando cada vez mais. Hoje em dia o cosplay tem virado um emprego e investimento para pessoas que levam a prática mais a sério tanto no Amazonas, como no Brasil afora. É possível viajar pelo mundo visitando eventos e dando palestras sendo uma “celebridade” cosplayer, como a cosplayer japonesa Reika. Existem até pessoas criando contas no Patreon exclusivamente pra cosplay, colocando tutoriais e fotos dos seus trabalhos e recebendo um tipo de “pagamento” dos fãs que desejam ver esse conteúdo extra, ou até ajudar a pagar pelos gastos dos próximos cosplays.

Pra um hobby que começou apenas como brincadeira pra muita gente, hoje em dia ele virou uma profissão e uma prática que nos ajudou a aprender um pouco de tudo, desde técnicas de artesanato a costura, fotografia, edição de vídeos e imagens, maquiagem, efeitos especiais… e por aí vai, o aprendizado não tem fim, e a satisfação e divertimento são igualmente grandes!

Créditos de Imagem: Zona E/Youtube