[ALERTA TEXTÃO]
Esse não é nenhum texto usual, daqueles que se encontra normalmente no Mapingua Nerd. Essa postagem é pessoal porque ela precisa ser. Ainda nos consideramos um blog e blogs nos dão a possibilidade de sermos pessoas reais, que sorriem e choram, e não apenas a cópia da cópia da cópia.
Faço uma referência a um livro/filme no fim do primeiro parágrafo que provavelmente você conhece. Ou não. Ser nerd pode até parecer uma receita de bolo. Mas existem vários bolos por aí e nem todo mundo prefere o de chocolate. E isso é apenas um dos pontos que eu pretendo falar, se tiver paciência, por favor, acompanhe.
É bem provável que você não entenda o real motivo de tudo isso. E nem precisa, na verdade. Sou eu quem preciso. Preciso dessa metalinguagem hoje e peço: não ache que tudo isso aqui não seja sincero e importante. Pra mim.
1. Um motivo real pra viver
Pouquíssimas pessoas sabem, mesmo os meus amigos mais próximos, eu tenho depressão. Não é nada corajoso assumir isso publicamente e por muito tempo não entendi o que significava, até procurar ajuda. E ouvi uma ou duas ou três vezes a mesma coisa “você precisa fazer alguma coisa que tenha significado”, “você precisa de um hobby”, “você precisa encontrar algo que te motive”. E, mesmo nunca tendo procurado, eu encontrei. Talvez você não consiga perceber o que o Mapingua Nerd representa pra mim e tudo bem, o objetivo aqui não é esse. Mas pra mim é o “meu motivo” e o que me manteve sã durante mais da metade de 2015.
2. Pessoas boas, pessoas más
Conheci um milhão de pessoas. E até hoje eu me assusto com a quantidade de gente que me adiciona no facebook e nas outras redes sociais. Pessoas de todos os tipos. Mesmo. Pessoas que elogiavam meu texto, nosso conteúdo, que me convidavam para entrevistas, que agradeciam por tentarmos, que sugeriam pautas… Assim como também tive contato com pessoas que ‘tacaram o pau’, sem dó, apenas porque podiam. Pessoas que disseram que não daria certo, pessoas que se aproximaram por algum interesse, pessoas que pedi ajuda no começo e que viraram as costas. Pessoas, inclusive, que me assediaram e desrespeitaram muito provavelmente porque eu era a única mulher da equipe. Duvido muito que os rapazes do blog receberam qualquer tipo de manifestação do gênero.
Importante: Eu amei conhecer e me aproximar de todos que fazem parte da equipe do Mapingua Nerd. Sem rasgar seda, eles todos são incríveis e espero tê-los sempre por perto.
3. Só dá certo porque amamos isso tudo
É um clichê e eu sou cheia deles, desculpe. Mas eu tive alguns desafios ao longo desses 6 meses que estamos no ar e que muitas vezes quase me fizeram desistir. Briguei feio com alguns amigos e por muito pouco uma amizade incrível e que eu amo não acabou. Tive que cancelar alguns encontros, dividir atenções, tirar grana do bolso, perder a vergonha de falar em público, perder o orgulho e pedir ajuda, pedir ajuda e pedir ajuda. Não foi tão fácil quanto nossas fotografias do instagram parecem. E só estamos aqui hoje porque amamos sermos nerds, amamos escrever, amamos ajudar as pessoas, amamos divulgar o trabalho dos artistas e, principalmente, amamos uns aos outros.
4. Verdadeiros amigos
Os meus amigos, os meus amigos de verdade, eles ajudaram muito. De tantas formas que eu mal posso enumerá-las. E é tão bom saber que posso contar com eles que me sinto protegida e guiada. Obrigada, eu sei que vocês estão lendo.
5. Começar é o primeiro passo
Parece óbvio, mas nem todo mundo se dá conta disso. Se algo parecer difícil ou improvável, arrume um jeito de começar. Depois corrija, altere, ouça opiniões e recomece se for o caso. O blog não se criou sozinho, não teve planejamento prévio. A ideia surgiu, na semana seguinte estava no ar. Ou quase isso. Estava no ar para mim, para o Thiago e para o Erlan. Depois de concebida a ideia, ajustamos, trocamos, refizemos. Uma dica valiosa aqui: empolgação é contagiante. Por isso fazer algo que tenha sentido e que seja um desafio pessoal é muito importante.
6. Uma grande idiota
Confesso. Eu me senti uma grande idiota muitas vezes. Tem tanta coisa que eu ainda não li ou assisti. Tantos eventos e lugares que ainda não estive. É tão frustrante não saber tudo sobre tudo. Odeio não conhecer essa ou aquela HQ incrível que “como-assim-você-nunca-leu?!” Mas o pior de tudo isso é ser julgada exatamente por isso. E daí eu volto ao que eu quis dizer no segundo parágrafo desse texto: peraí, eu não sou obrigada a saber de tudo não.
Eu gosto de Harry Potter. Sim, é infantil, sim, tem falhas. E acabou, sou eu. Qual o problema de sermos diferentes? Aparentemente, para muitas pessoas, isso é alta traição. Você não pode errar o nome de um personagem, não pode se esquecer da piada que o Coringa contou na criação do Alan Moore, não pode dizer que prefere Cthulhu a D&D. O que tá acontecendo com esses caras?
7. Tudo, menos tédio
Eu entrei em contato com vários sentimentos durante todo esse tempo que o Mapingua Nerd está no ar. Menos o tédio. Sempre tem algo pra fazer, algo pra conhecer, uma referencia pra buscar e deixar aquela postagem bem mais bacana de ler. Tem pessoas incríveis para conhecer, artistas e escritores talentosos para entrevistar. Tem novidade toda hora e toda hora desejo que essa hora dure um pouco mais porque o medo de não dar conta ou de decepcionar quem vai me ler é imenso. Tédio, definitivamente não.
8. Quase famosos
Não sei lidar com isso. Não sei não postar textão feminista no facebook porque pode chatear quem começou a me seguir pelo blog. Não sei não falar palavrão na entrevista da TV. Não sei não ficar magoada com as coisas que me magoam. Não sei receber elogio. Não sei se saberei lidar com tanto bombardeio se eu falhar. Eu sei que não sou uma rock star, longe disso. Embora eu tenha muita vontade de me provar, a exposição não me é familiar e estou dividindo isso com você porque talvez eu erre ou fale uma besteira e isso é bem complicado pra mim.
9. Não deu
Ok, eu não estou aqui para falar dos meus relacionamentos e você tampouco quer ler sobre eles. Mas acontece que… bem, o meu namoro de pouco mais de três anos terminou de vez, parte pela rotina que dediquei ao Mapingua. Os assuntos não eram mais os mesmos, o tempo de convivência diminuiu também.
Claro que outros motivos, todos acumulados, fizeram com que chegássemos a conclusão de um “Tentamos, não foi? Não deu”. Difícil mesmo é perder aquela pessoa que dividia planos para dominar o mundo e as mais polêmicas opiniões sobre séries, filmes, livros e todo o resto. No momento eu estou sofrendo sim e talvez sofra por mais algum tempo.
10. Babaca: não seja
Se tem uma coisa que eu aprendi nesse tempo todo foi como não ser uma babaca. Primeiro, sempre vai ter alguém que vai achar o que você faz uma merda. Paciência, ninguém é obrigado. Nem você, acredite.
Receber críticas quase nunca é ruim. Se for construtiva, construa. Se for maldosa, sorria. Não vale a pena esquecer tudo de bom em detrimento de um ou outro ‘espertinho’. Pelo menos eu estive realizando o meu sonho esse tempo todo, tentando transformar alguma coisa, contribuir. Quando você está em paz, ser babaca com os outros nem chega a ser uma opção.
Não sei como terminar esse texto, honestamente. Só tenho a agradecer se chegou até aqui. Com certeza você me conhece um pouquinho mais agora. E, ah! Feliz 2016, ok?